Ontem um amigo telefonou para dar notícias. Dizer que tinha lido o blogue. Eu não estava. Deixou recado. Que estava giro, mas que "são saudosistas"(nós , os que aqui escrevemos, que damos o nome e as caras, para quem se lembra de nós)
É uma velha questão esta do saudosismo. Uma vezes, chama-se apenas saudade. Outras , saudosismo. É saudade quando alguém fala da sua infância, da sua adolescência, da sua juventude, ocorrida em locais sem anátemas. Para quem nasceu em Lisboa, vive em Lisboa e só daqui saiu para, por exemplo, ir à tropa ou a umas férias no Algarve, pode, à vontade, recordar. O bairro, a professora, a árvore frondosa, o polícia simpático, o guarda-nocturno.
Já os outros que nasceram ou cresceram longe, têm que fingir e esquecer. Sobretudo se , entretanto, a terra mudou de donos. Recordar é pecar!
O conceito de saudade é complicado e, na maior parte das vezes, tem um conotação negativa. Não é o que se passa aqui. Quando recordamos, valorizamo-nos porque nos completamos, porque não esquecemos.
Não somos saudosistas porque não queremos que nada volte para trás, não queremos que nada volte a acontecer. Aconteceu e nós, agora, interpretamos. Somos capazes de dar o nosso próprio retrato de realidades que aconteceram e nos alegraram ou entristeceram, que nos fizeram viver.
Pela minha parte não abdico da minha vida. Mesmo da que passou.
Posto isto, continuemos: prometo para o próximo post uma estória com o Irmão Celso, dos Maristas.
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