terça-feira, setembro 06, 2005

O Retiro

O Lubango, com a Serra á volta e a sua estrutura urbano rectilínea, onde tudo era fácil, fascinou-me. Tanto mais que, logo a seguir, encontrei o Tony Carranca, que conhecia de Coimbra -as licenças graciosas - essas coisas, viagens.

Com um amigo seguro, as coisas ficaram fáceis e o habitual jogo das conquistas de espaço - a que já estava habituado pelas sucessivas mudanças de domicílio - atenuado. A habilidade para o futebol e para o hóquei fizeram o resto. Em pouco tempo estava como se lá tivesse vivido desde sempre.

Educado na religião católica, com treino de ajudante de missa e tudo, rapidamente entrei para a JEC(Juventude Escolar Católica). Eu e o meu irmão, que, igualmente depressa, ficou o presidente, com eleições e tudo. Comigo fazendo parte da lista dele.

Confesso-me pouco tocado pelo sentimento religioso e a missa e a JEC eram mais uma forma de agradar à família e, particularmente ao meu irmão,(nós éramos os irmãos perfeitos, onde estava um estava o outro) do que uma convicção profunda.

Um dia, o presidente da JEC lembrou-se de organizar um "retiro espiritual". O padre Martinho Noronha, então secretário do Bispo, D. Altino Ribeiro Santana, e assistente da JEC, a poiou a ideia; e escolheram como local ideal para o evento, a Missão da Huila, situada a uns vinte e poucos quilómetros do Lubango.

Eu pus-me imediatamente de fora da "coisa". "Não vou!" - disse peremptório. O meu irmão usou todos os argumentos possíveis para me convencer. Além do mais eu era membro da direcção e, por isso, "tinha que dar o exemplo".

"não quero saber disso, tenho uns treinos de hóquei e uns jogos de futebol para fazer precisamente nesses dias" - era tempo de férias.

Noite. Jantar. Sete horas da tarde, como sempre. Ninguém podia atrasar-se.

O pai está com o ar dos grandes dias. "Mau.. pensei, que será desta vez?"

Vira-se para mim e interroga-me sobre as razões que me levam a não querer ir fazer o retiro que o meu irmão organizou. Expliquei, mas antes disso olhei o meu irmão. Corou.

"Pois então, meu filho, podes não ir, mas naqueles dias em que decorrer o retiro, não sais de casa".

Voltei a olhar o meu irmão. No dia seguinte lá fomos. A meio do caminho, a minha disposição já tinha mudado, tinha comigo o Trabulo e alguns planos para me divertir.

1 comentário:

Rita disse...

Acho-lhe mesmo um piadão: só foi mmo para n ficar fechado em casa, ahhaahahhaahahah ; ))))) Sabe-a toda!