quarta-feira, junho 03, 2009

Arménio Vieira - Prémio Camões


Ontem à noite ouvi a notícia e devo ter ficado tão surpreendido como ele próprio: Arménio Vieira era o Prémio Camões 2009.


Fiquei surpreso mas feliz porque se há um poeta em todo o espaço de língua portuguesa que merece este prémio específico é o Arménio já que ele é um cidadão do Mundo, sobretudo pelo conhecimento. Tal como Camões, Arménio Vieira cultiva o saber como forma de estar na vida e faz da poesia a sua um modo particular de afirmação.


Arménio Vieira é Cabo-Verdiano como todos os outros, cultiva o mesmo orgulho das suas raízes, contribuiu com a sua parte para a libertação, não apenas dos seus compatriotas, mas de todos nós, os amarrados por um regime político iníquo, retrógrado e autoritário, mas sente-se um cidadão do Mundo. Sendo um natural de Cabo Verde, a sua obra não se fica pelas ilhas e não pode, por isso, ser considerado um poeta-escritor regional.


Esta é, de resto, a sua característica mais forte. Arménio Vieira, sendo um homem de poucas viagens e de vivências restritas, tem produzido uma obra de cunho universal, revelando influências que vão muito para além das que, inevitavelmente, lhe são transmitidas pelas circunstâncias de vida.


Mas que fique claro para os que, de repente, tendo a obrigação de produzir notícia e comentar acontecimento tão importante, se confrontam com a sua própria ignorância: Arménio Vieira é o maior poeta Cabo-Verdino vivo, mas não é apenas isso. Ele é um poeta que pode e deve ser lido em todo o Mundo. A sua alma de poeta de todos fala.


Oxalá este prémio o tire da penumbra e revele a sua poesia na dimensão que ela merece.