Faz hoje quinze anos que Renato Cardoso foi assassinado na Cidade da Praia. Daqui, de Lisboa, dedico-lhe o meu pensamento, honro a sua memória e declaro a minha saudade de um amigo bom, de um homem inteligente, dedicado à sua terra e à sua gente.
Daqui, de Lisboa, do mesmo sítio onde recebi a notícia fria da sua morte lamento que um manto inexplicável tenha caído por cima de um assassinato hediondo, cujas razões nunca foram devidamente explicadas. Desta mesma cidade que o viu crescer como jurista de grande conhecimento e sabedoria digo da minha tristeza pelo esquecimento a que os seus votam a sua memória.
De dentro do que mais profundo existe em mim rendo a minha homenagem à sua coragem nas inúmeras lutas políticas que travou e de que resultaram sempre avanços para o progresso do seu povo. Faço vénia ao seu empenhamento na luta pelos ideias da democracia, cujos princípios enunciou antes que outros aproveitassem as ondas internacioinais para se perfilarem num combate pelo poder.
Neste triste aniversário, como seu amigo, sinto-me na obrigação de informar os cabo-verdianos que Renato Cardoso, pouco tempo antes de ter sido abatido por um profisisional que não deixou pistas, tinha sido convidado para trabalhar fora da sua terra, a troco de uma proposta milionária - que ele recusou - porque, como dizia, a sua gente precisava dele.
E precisava mesmo. Só que já passaram quinze anos sobre o som dos tiros assassinos e a sua gente já nem se lembra do dia. Os seus pupilos, aqueles em quem ele depositou as suas esperanças, têm , pelo menos, que honrar a sua memória, a sua honradez de carácter, a sua crença num Cabo Verde para todos os cabo-verdianos.
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