A Missão da Huíla era o centro nevrálgico de uma região agrícola, ela própria convertida numa enorme quinta onde se produzia de tudo. O trabalho começava cedo e o recolher pouco depois do pôr do Sol. "Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer".
Não me lembro quantos eram os "retirantes", mas não seriam mais de vinte, todos entre os 14 e os 16 anos, que eram, naturalmente, obrigados a cumprir um programa. O coordenador de toda a actividade era o sr. Padre Mário, um goês rechochundo e que ainda tinha aquela pronúnica peculiar da sua gente.
Assim que chegámos, eu e o Trabulo fomos dar uma volta pelas redondezas e logo arranjámos maneira de comprar uns arcos e flechas a uns pastores, que igualmente nos ensinaram os fundamentos de toda a tecnologia. Aprendemos a fazer os arcos (acho que ainda hoje sei), as flechas e a atirar.
Estava , portanto, definido o nosso passatempo e enquanto os restantes membros do grupo ouviam palestras, rezavam e faziam penitências várias, nós os dois testávamos a nossa pontaria - todos os dias melhores.
Todavia, um dia rebentou uma daquelas tempestades africanas. O dia fez-se noite. Os raios choviam quase tanto como água. Faziam um barulho impressionante :"RaaahhhhBuuuuoom!!!" e um clarão ofuscante. À volta da Missão havia uma mata com árvores bem altas.
Nesse dia, não havia testes de pontaria. Tivémos que ir com os outros cumprir o programa. O meu irmão já andava zangado comigo, desde o primeiro dia.
Numa sala relativamente grande, com uma mesa também demasiado grande para as circunstâncias, o padre Mário dissertava ácerca do Inferno do diabo, do pecado e essas coisas. Ele estava sentado numa ponta da mesa e o candeeiro a petróleo colocado na outra, pelo que o padre estava na semi-penumbra e todos nós na penumbra total. Eu e o Trabulo estávamos no fundo da sala e observávamos a cena e, pelo meu lado, apercebi-me do efeito das palavras do padre.
A tempestade durou toda a palestra e prolongou-se pelo jantar. Quando amainou era tempo de deitar.
Nessa noite os dois archeiros do grupo resolveram fazer de fantasmas e, com uns lençóis na cabeça, entraram em cena na camarata onde dormiam todos. Foi o pavor.
De tal modo que, o padre Mário apareceu em pijama e zangado, a perguntar: "mas, afinal, isto é um retiro ou uma cóboiada?"
No regresso a casa ficou" combinado", entre mim e o meu irmão", que tudo tinha corrido execelentemente e eu me tinha comportado como um verdadeiro exemplo. O arco e as flechas eram apenas um "souvenir". Só muitos anos depois lhes perdi o norte.
Não me lembro quantos eram os "retirantes", mas não seriam mais de vinte, todos entre os 14 e os 16 anos, que eram, naturalmente, obrigados a cumprir um programa. O coordenador de toda a actividade era o sr. Padre Mário, um goês rechochundo e que ainda tinha aquela pronúnica peculiar da sua gente.
Assim que chegámos, eu e o Trabulo fomos dar uma volta pelas redondezas e logo arranjámos maneira de comprar uns arcos e flechas a uns pastores, que igualmente nos ensinaram os fundamentos de toda a tecnologia. Aprendemos a fazer os arcos (acho que ainda hoje sei), as flechas e a atirar.
Estava , portanto, definido o nosso passatempo e enquanto os restantes membros do grupo ouviam palestras, rezavam e faziam penitências várias, nós os dois testávamos a nossa pontaria - todos os dias melhores.
Todavia, um dia rebentou uma daquelas tempestades africanas. O dia fez-se noite. Os raios choviam quase tanto como água. Faziam um barulho impressionante :"RaaahhhhBuuuuoom!!!" e um clarão ofuscante. À volta da Missão havia uma mata com árvores bem altas.
Nesse dia, não havia testes de pontaria. Tivémos que ir com os outros cumprir o programa. O meu irmão já andava zangado comigo, desde o primeiro dia.
Numa sala relativamente grande, com uma mesa também demasiado grande para as circunstâncias, o padre Mário dissertava ácerca do Inferno do diabo, do pecado e essas coisas. Ele estava sentado numa ponta da mesa e o candeeiro a petróleo colocado na outra, pelo que o padre estava na semi-penumbra e todos nós na penumbra total. Eu e o Trabulo estávamos no fundo da sala e observávamos a cena e, pelo meu lado, apercebi-me do efeito das palavras do padre.
A tempestade durou toda a palestra e prolongou-se pelo jantar. Quando amainou era tempo de deitar.
Nessa noite os dois archeiros do grupo resolveram fazer de fantasmas e, com uns lençóis na cabeça, entraram em cena na camarata onde dormiam todos. Foi o pavor.
De tal modo que, o padre Mário apareceu em pijama e zangado, a perguntar: "mas, afinal, isto é um retiro ou uma cóboiada?"
No regresso a casa ficou" combinado", entre mim e o meu irmão", que tudo tinha corrido execelentemente e eu me tinha comportado como um verdadeiro exemplo. O arco e as flechas eram apenas um "souvenir". Só muitos anos depois lhes perdi o norte.
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