Da segunda vez que fui à Muxima não foi por ser dos jornais, foi por devaneio. Fomos em dois carros vulgares de lineu, mas habituados aos caminhos angolanos. Eu ia de esposa, como um dos arquitectos, que levava a dele, outro arquitecto, um poeta madeirense e uma jovem senhora, muito badalada, à época, por ter sido envolvida num tórrido caso de homicídio.Poeta e arquitecto iam com o turvo olhar posto na dama.
Os casais puderam entreter-se com a paisagem, com o bucolismo da paisagem, passeando ao longo da fortaleza e assistindo ao ritual religioso com emoção. Como era fim de semana havia muita gente. Não só os crentes, creio que devia dizer as crentes, pois eram elas que faziam a despesa da conversa.
Na minha primeira visita fora-me facultada toda a história da "resistência". Fora em serviço, acompanhando a visita oficial, a primeira de um governador-geral, ao distrito de Luanda, o maior da «Província»!...
Visitar o distrito de Luanda não foi, não era, pouco coisa. Não tanto pelo tamanho, mas pelo conteudo. Foi a primeira vez que «vi» Catete. Até então era um ponto de passagem, quando se ia de viagem e só por alturas do Dondo é que se começava a pensar em almoçar. Desta vez deu para visitar a vila e com passagem pelo quartel militar. A Lia Gama morava por lá. Ela tinha casado recentemente e Catete como uma insólita lua de mel. De uma vez que o casal foi a Luanda acabamos por estender a noite folgazã e, de repente tinha-se perdido o transporte de retorno. Fui apanhar o Manel Ricardo, à saída do jornal. O Manuel Ricardo já era oficial miliciano, mas mantinha uma colaboração certo no jornal, onde o pai foi chefe de redacção. O Manel lá teve de fazer de motorista ao recruta. Gosamos um bocado com isso.
Claro que deixei o fotógrafo a cobrir a visita ao posto e fui beber um copo com a Lia. Ao fim da tarde fez-se paragem na reserva da Quissama, onde tinhamos à nossa espera um acampamento magnifico de bungalows. A visita ao parque foi de manhã e o que se viu de bichos não teve tamanho. Os fotógrafos deliravam. Quanto maiores eram os bichos mais pachorrentos pareciam. Dei por mim a pensar que os bichos tinham apreendido o turismo como meio de vida, uma espécie de reforma antecipada. Pobre fauna! Quantos deles não ficaram sem direitos adquiridos, ou mastigados por humanos famintos ou sem dentes ou outras partes dos esqueletos.
Naquele dia, porém, a viagem era uma lição da Natureza a pretexto de política administrativa.
Visitaram-se sanzalas. Ouvi discursos e baboseiras várias. A mata, sim a mata, era uma presença tremenda, inatingível. A Quissama tinha ficado para trás, já não se viam feras, mesmo que ali estivessem não se viam. Daquilo de se deixar ver ou não deixar, sabiam tudo.
Ao fim da tarde chegamos ao Muxima.
Jantou-se e pela noite dentro tivemos batucada. Já tinha visto algumas batucadas antes, no cinema. Ao vivo é como a cocacola publicitada pelo poeta-mór, que como se sabe gozou grande parte da sua infância e adolescência em África, «primeiro estranha-se, depois entranha-se».
Adormeci tranquilo, como se a África inteira me estivesse a sussurrar ao ouvido!
Alguma da História do meu país mora ali. Oxalá não se perca...
Os casais puderam entreter-se com a paisagem, com o bucolismo da paisagem, passeando ao longo da fortaleza e assistindo ao ritual religioso com emoção. Como era fim de semana havia muita gente. Não só os crentes, creio que devia dizer as crentes, pois eram elas que faziam a despesa da conversa.
Na minha primeira visita fora-me facultada toda a história da "resistência". Fora em serviço, acompanhando a visita oficial, a primeira de um governador-geral, ao distrito de Luanda, o maior da «Província»!...
Visitar o distrito de Luanda não foi, não era, pouco coisa. Não tanto pelo tamanho, mas pelo conteudo. Foi a primeira vez que «vi» Catete. Até então era um ponto de passagem, quando se ia de viagem e só por alturas do Dondo é que se começava a pensar em almoçar. Desta vez deu para visitar a vila e com passagem pelo quartel militar. A Lia Gama morava por lá. Ela tinha casado recentemente e Catete como uma insólita lua de mel. De uma vez que o casal foi a Luanda acabamos por estender a noite folgazã e, de repente tinha-se perdido o transporte de retorno. Fui apanhar o Manel Ricardo, à saída do jornal. O Manuel Ricardo já era oficial miliciano, mas mantinha uma colaboração certo no jornal, onde o pai foi chefe de redacção. O Manel lá teve de fazer de motorista ao recruta. Gosamos um bocado com isso.
Claro que deixei o fotógrafo a cobrir a visita ao posto e fui beber um copo com a Lia. Ao fim da tarde fez-se paragem na reserva da Quissama, onde tinhamos à nossa espera um acampamento magnifico de bungalows. A visita ao parque foi de manhã e o que se viu de bichos não teve tamanho. Os fotógrafos deliravam. Quanto maiores eram os bichos mais pachorrentos pareciam. Dei por mim a pensar que os bichos tinham apreendido o turismo como meio de vida, uma espécie de reforma antecipada. Pobre fauna! Quantos deles não ficaram sem direitos adquiridos, ou mastigados por humanos famintos ou sem dentes ou outras partes dos esqueletos.
Naquele dia, porém, a viagem era uma lição da Natureza a pretexto de política administrativa.
Visitaram-se sanzalas. Ouvi discursos e baboseiras várias. A mata, sim a mata, era uma presença tremenda, inatingível. A Quissama tinha ficado para trás, já não se viam feras, mesmo que ali estivessem não se viam. Daquilo de se deixar ver ou não deixar, sabiam tudo.
Ao fim da tarde chegamos ao Muxima.
Jantou-se e pela noite dentro tivemos batucada. Já tinha visto algumas batucadas antes, no cinema. Ao vivo é como a cocacola publicitada pelo poeta-mór, que como se sabe gozou grande parte da sua infância e adolescência em África, «primeiro estranha-se, depois entranha-se».
Adormeci tranquilo, como se a África inteira me estivesse a sussurrar ao ouvido!
Alguma da História do meu país mora ali. Oxalá não se perca...
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