Vou ter de mudar o título. Um amigo telefonou-me a ralhar: "Tu estás maluco. A tua casa nunca foi amarela. Amarela era a chapa que tinha o número da porta!"...
Pois é, a memória prega-nos partidas. A minha é, mas sempre foi, um tudo nada desarrumada. Como não tenho arquivos não sei ao certo se rememoro factos ou se fantasio a realidade deles. De facto, muitas das recordações saltam-me diante dos olhos, mesmo fechados, a partir da realidade presente, como se fosse a versão moderna de um filme antigo. Oiço falar de magistrados, de juizos ou de sentenças e, claro, da independência soberana e sempre foi assim, dependendo claro, a independência, de factores mais ou menos obscuros. E vem-me à ideia um caso passado em Luanda, num tempo em que tudo isto já era assim, mas mais arrumado. Um magistrado andava a tornar-se notado por evidenciar um excessivo rigor pela legalidade dos processos judiciais. Um belo dia viu-se transferido para a Lunda e ficou-se à espera de um ligeiro abrandamento na apreciação dos processos e sobretudo da forma como eram elaborados.
E foi como se uma bomba tivesse explodido. O magistrado foi à Diamang. Os responsáveis locais ficaram desvanecidos, mandaram preparar um lanche e acompanharam o ilustre visitante. O visitante viu dois sujeitos fechados num cubículo, um dos quais algemados. A segurança da empresa, cujo chefe era um prestigiado agente da autoridade, cedido à empresa, aparentemente para dirigir acções de formação de pessoal destinado à vigilância, mas que na prática chefiava o serviço.
O magistrado não foi de meias tintas. Deu voz de prisão ao agente policial e levantou um auto acusando a empresa de cárcere privado. Foi um escândalo de todo o tamanho e nem veio nos jornais. A Censura não achava graça a coisas daquelas e a Diamang, que diabo!, tinha mais taco
que qualquer PT dessas que andam por aí! Mas resolveu o problema do magistrado. Voltou para Luanda e foi colocado no Tribunal de Menores. Mesmo naqueles tempos havia gente difícil de vergar.
Pois é, a memória prega-nos partidas. A minha é, mas sempre foi, um tudo nada desarrumada. Como não tenho arquivos não sei ao certo se rememoro factos ou se fantasio a realidade deles. De facto, muitas das recordações saltam-me diante dos olhos, mesmo fechados, a partir da realidade presente, como se fosse a versão moderna de um filme antigo. Oiço falar de magistrados, de juizos ou de sentenças e, claro, da independência soberana e sempre foi assim, dependendo claro, a independência, de factores mais ou menos obscuros. E vem-me à ideia um caso passado em Luanda, num tempo em que tudo isto já era assim, mas mais arrumado. Um magistrado andava a tornar-se notado por evidenciar um excessivo rigor pela legalidade dos processos judiciais. Um belo dia viu-se transferido para a Lunda e ficou-se à espera de um ligeiro abrandamento na apreciação dos processos e sobretudo da forma como eram elaborados.
E foi como se uma bomba tivesse explodido. O magistrado foi à Diamang. Os responsáveis locais ficaram desvanecidos, mandaram preparar um lanche e acompanharam o ilustre visitante. O visitante viu dois sujeitos fechados num cubículo, um dos quais algemados. A segurança da empresa, cujo chefe era um prestigiado agente da autoridade, cedido à empresa, aparentemente para dirigir acções de formação de pessoal destinado à vigilância, mas que na prática chefiava o serviço.
O magistrado não foi de meias tintas. Deu voz de prisão ao agente policial e levantou um auto acusando a empresa de cárcere privado. Foi um escândalo de todo o tamanho e nem veio nos jornais. A Censura não achava graça a coisas daquelas e a Diamang, que diabo!, tinha mais taco
que qualquer PT dessas que andam por aí! Mas resolveu o problema do magistrado. Voltou para Luanda e foi colocado no Tribunal de Menores. Mesmo naqueles tempos havia gente difícil de vergar.