Remodelação intestina é anunciada. Acácio Barradas deixa de figurar na ficha. Não é indicado quem assumirá a chefia da Redacção.Inesperada, também, a nota sobre o escudo angolano: a segunda moeda mais valorizada no Mundo. Ena pá!Mesmo assim precisava-se de uma porção deles para adquirir os escuditos de Lisboa e cercanias que se remetiam às famílias dependentes...
J.Castro Lopo termina a evocação de José Pereira do Nascimento, o «dr.Maravilhas», asseverando que «a memória será sempre abançoada entre os portugueses que têm consciência dos verdadeiros e mais legítimos interesses da Nação».
Em Lisboa o «DN» completava cem anos e Charula deu relevo no +N+ mostrando Américo Tomás em três fotos, um busto da Augusto de Castro, director, e dois chefes de redacção: João Coito e Pereira da Costa. E uma imagem soberba da oficina, com uma fila enorme de linostipistas. Coisa de fazer saudades!
Janeiro ia ainda a meio quando o +N+ anuncia que Rebordão Correia assumirá interinamente a chefia da Redacção. Informava-se também que a anunciada delegação em Lourenço Marques era adiada.
A pouco cuidada paginação volta a dificultar a leitura de algumas reportagens, mesmo se uma delas é publicitária...
A23 de Janeiro "tropeço" numa capa com imagem estreita, mas a cor! O resto da página é uma coisa inóspita sobre um vago concurso.
Mukanda é suposta ser uma reportagem sobre a cerimónia secreta da circuncisão dos quiocos jovens. É mais uma da reportagens pouco conseguidas, poucos reveladora e, azares dos azares, difíceis de ler, devido à tal paginação com texto na dobra das págínas!
O Maiombe encerrava a magia da floresta "cerrada"! O grande jardim devassado pelos madeireiros inebriados pelo odor de madeira requintada. E valiosa!
Se para tudo há leis, que mais ou menos toleram abates, para lá chegar, mesmo em 65, ainda escasseavam os acessos.É bem verdade que muitas estradas estavam a romper muitos quilómetros de acessos,por Angola fora. Talvez menos em Cabinda, àquele tempo. O Estado temia pela segurança dos madeireiros, mas estes borrifavam-se, queriam a madeira e iam em busca dela, impondo a «sinfonia dos machados, serrões e traçadeiras», como definiu Emílio Filipe, que lá foi ver, com o Chaves, que tratou das imagens. E o reporter acabou por concluir existir risco de exploração excessiva da riqueza florestal. O que não se sabe hoje é se o Maiombe ainda é rico ou apenas remediado...
Saint Maurice encontrou mais um crime na Ilha de Luanda.Um crime comum, como são os homicídios enciumados. Disso disse pouco. Espantou-se mais com «um agente policial e vários motoristas de taxis que negaram assistência humanitária a uma das vítimas que, semi-nua, gravemente ferida e ensanguentada pedia auxílio, em vão...
Duas páginas com duas fotos,sim, mas... São fotos do Quim Cabral, a mostrar a regata, ao largo de Luanda, e os dois vencedores: Orlando Sena Rodrigues e Adriano Silva, angolanos de gema e campeões do todo nacional!
Afinal, Acácio Barradas foi (tinha sido) despedido. António A.Simões, proprietário da Neográfica e nessa condiçâo editor do -+N+, assina uma nota, que não deve ter escrito, mas para se despedir alguém era preciso ser patrão.
O petróleo de Angola estava a aquecer mas «era nosso» assumia o +N+ a propósito de um
artigo do «Star» sul-africano levantar algumas questões! Cabindo, por seu turno, festejava o 80º aniversário do Tratado de Simulambuco, o qual atribuia a Portugal a administração do território.Portugal entendeu furar o acordo e integrar Cabinda em Angola e não ganhou muito com isso e acabou por não deixar os cabindas satisfeitos...
A Barra do Cuanza ficava a uns oitenta quilómetros de Luanda. Por ali 80 km é pão com manteiga.Ia-se na calma e voltava-se satisfeito. +N+ foi algumas vezes e disso deu conta, com imagens soberbas, um pouquinho de cada vez, o suficiente...
Para fevereiro anuncia-se a primeira reportagem a cores, na imprensa angolana.
Emílio Filipe volta com Cabinda, desta vez a cores e não apenas a cidade, maso enclave, mostrando vilórias à beira-rio, em plena floresta. Bonito de ver...
A cor na capa não resultou muito bem e o +N+ do Notícia tina um fundo de cor maricas!
Júlio Castro Lopo,para a História, «caçou» António Sérgio e o próprio confirmou, por escrito, ser filho de António Sérgio de Sousa Junior, cujo pai, António Sérgio de Sousa, Visconde, tinha sido preceptor militar do infante D.Luís, depois Rei. O avô do escritor foi o primeiro governador do distrito de Moçamedes. O fraco pela História tinha, no entanto, um ponto comum: Angola!
Ernesto Lara, Xico Orta e Angerino de Sousa, o bando dos duros ouviu um menino chorar.Na esplanada da Marginal habitualmente não se chorava. O miudo, aí de uns três anos e picos, chorava, sim senhor, sentando num carrinho, à beira da mesa da esplanada. Na mesa sem alguém, vazia, desoladoramente vazia. E o menino chorava.Mas, de repente, pareciam quatro meninos a brincar, quatro meninos a rir...
Uma hora depois o trio voltava o ser duro, quando o pai da criança voltou. Não lhe bateram; só lhe chamaram nomes; e mostraram o garoto no +N+.Quem contou tudo foi o Ernesto, com a caneta dele, muito especial. Duas magnificas páginas!
Finalmente a capa a cor aparece arrumada, com o +N+ já com cor decente. A senhora de óculos, mesmo assim fascinante era Soraya.Fora esposa de Rezha Pallevi, Xá da Pérsia.Era bonita,lá isso era,mas não fazia criança, não adoçava o Xá como o Xá precisava! Soraya abalou triste. O Xá, esse, arranjou açucar adequado, mas de nada lhe valeu a descendência. Os americanos tiraram-lhe o tapete. E ele caiu. O Irão optou por não aturar mais Sorayas e outras que tais e muito provavelmente, aqui que ninguém nos ouve, mandou os americanos à merda! Mas, nesse 65 o grande mau era Nasser. Uns malandros alemães tinham fabricado para gáudio do Egipto Bombas «V-2», susceptíveis de arrazar Israel!...
O assunto mudou,porque anunciava-se que Saint Maurice iria assistir aos dois Benfica-Real,para a Taça dos Campeões. Começava uma nova era e a imprensa angolana ia começar a adiantar-se à congénere metropolitana, tal como a Emisssora que dava o salto:reforçava-se de profissionais e mudava de residência.
Emílio Filipe insistia com Cabinda e a sua fabulosa mata.«Há laivos de sangue sob o verniz do polimento da mais bela mobília de mogno»!
«Sabe-o», acrescenta «quem vive em Cabinda». Também nós, os que lemos o +N+,ficamos
a conhecer e recordar a floresta do Maiombe...
O Benfica, de Coluna e Eusébio venceu o Real de Madrid por 5-1. Naquele tempo era
difícil. Telefonar vá que não vá,mas mandar fotos tá quieto. Havia sempre meio de chatear passageiro amigo ou conhecido,para levar envelope. Tivemos durante muito tempo grande apoio da TAP,que nos facilitou a vida. A reportagem do jogo saiu,pois, em suplemento, com sucesso. Por lá só havia Imprensa e Rádio. Mas outro suplemento tornou-se tragicamente necessário e indispensável:narrava um terrível pesadelo. A morte de 28 crianças de um asilo.Pelo simples facto de lavar a cabeça. Foi quase absurdo encontrar explicação: um jovem analfabeto,empregado de drogaria, trocou os tambores e retirou de um deles, sem saber, um produto altamente venenoso.
Uma coluna de texto destaca a morte de um antigo professor primário, Máximo Conde. Intelectual admirado, foi iguamente jornalista no «Comércio» e fundador da «Tribuna». periódico que seria suprimido pelo cap.Agapito da Silva Carvalho, ao tempo Governador-Geral. O +N+ previne que dedicará uma crónica especial à figura invulgar de Máximo Conde, e laborada por um categorizado colaborador permanente!
E fica-se a saber que a suspensão de «O Mundo Desportivo» terminava e o trisemanário deveria reaparecer na segunda-feira. No entretanto, o chefe de redacção foi demitido ew esperavam-se outras alterações no quadro do pessoal. Os da minha idade devem lembrar-se: foi por mór do «Vale dos Caídos», a propósito dos 5-1 do Benfica ao Real,e porque Franco não achou graça. O dr. Salazar concordou é bom de ver. Os ditadores eram todos assim: muito respeito pelos mortos e os vivos que se lixassem!...
Olhar imagens da Missão do Vouga comove sempre que aparecem, e apareciam muitas vezes.Hoje, poderá parecer uma lenda, mas aMissão era, pode dizer-se, um santuário pelo menos tão humanista como religioso. A tese do fazer bem sem olhar a quem praticava-seali. Não seria um paraíso divino, mas era um sinal de esperança manifesto!
«São aos milhares - vêm de todos os pontos de Angola
em busca de uma assistência, que lhes é prestada
com amor e carinho» - lia-se sob o título da notícia...
Duas fotos, o dr. Miguel (?), director do Hospital Missionário, e o padre Artur Silva
um dos fundadores do Vouga,
O Vouga, senhores, que pena não ter vindo connosco, quando saímos. Que falta faz
por aqui uma instituição assim, um género de humanismo que se sumiu...
Choveu em Março e choveu bem. Não era novidade. Mas dava fotos e lamútias
Farinha casou em Silva Porto (Silva Morto era mais popular, tal como com Serpa Pinto, que virava Serpa Pó)!Era um aviso de que se estava à espera dele...E não demorou. Ocupou na redacção o seu lugar, que foi seu até ao encerramento, em 75, imposto pela tropa, que virara de rumo, como iremos ver...
Vinte anos haviam decorrido desde o termo da guerra na Europa, (39-45). Reapareceram fotos da tomada de Berlim, de campos de concentração, e do massacre de prisioneiros.
Pior só depois, quando tocou a vez aos japoneses de pagar a factura: duas bombas atómicas, duas. Deve ter morrido muita gente, deve, mas fez-se por esquecer muito depressa...
Estudantes de Nova Lisboa visitaram a Neográfica, editora do +N+ e tiveram direito a foto de família,para recordar...
Um menino que morreu. Um horror de história. Morrer aos oito anos! Atropelado por uma motoreta, que se despistou, Em Sá da Bandeira.
As mortes dessas não servem para nada. Cada vez há mais veículos que dizimam vidas. Cada vez andam mais depressa ou com menos cuidado e menos respeito. Tó Zé tinha oito anos.Enlutou uma cidade. Em vão!
Saint Maurice foi assistir à derrota do Benfica, em Madrid, mas a eliminatória
foi ultrapassada. Muita parra e pouca uva, como era comum com o jóvem repórter, mas já não deu para suplemento extra.
Em Abril BB surge na capa, só, sem chamada de crónica, ou reportagens, no interior.Mas foi uma bela capa, lá isso foi...
Em Lisboa, Saint Maurice foi ver a Ponte, que seria Salazar durante alguns anos. A cuja dita ainda não estava pronta, mas já impressionava e as boas imagens ajudam sempre a reportagem!
Também impressionou (e ainda me impressiona), ler hoje, a carta de Camilo ao médico.O escritor acabava de cegar e ditou o grito mais lancinante que se pode escutar...
Chuva e engenharia não pareciam cohabitar em Luanda e as imagens não ajudavam à reconciliação...
Mas não era verdade, como tanto se disse,que o +N+ tivesse sempre gajas na capa. A
24 de Abril o «oo7»encheu a capa de uma edição «reservada às senhoras!»...