terça-feira, agosto 17, 2010

+N+ Era e Foi-se

O «notícia» foi sempre,desde o início, um semanário ilustrado. Saía, sim senhor, enquanto eu lá estive, aos sábados. Pois sim, mas...Era impresso à quinta-feira, ao fim da tarde. Nessa mesma noite seguia de maximbombo para o Lobito. Pelo caminho ia despejando, aqui e ali, o jornal, como sempre lhe chamámos. Até à Cela era pão com manteiga, mas quando se começava a descer o morrro da Gabela, já não era brinquedo!
Eu sei porque fiz uma vez a viagem no camion!
Do Lobito, o jornal prosseguia a viagem para o Leste, de combóio. Não me lembro exactamente até onde, até onde durasse a sexta-feira, porque ao sábado estaria disponível em toda Angola.
Em Luanda procurava-se retê-lo de modo a ser exposto para venda ao sábado. Mas nas noites de sexta-feira já se via gente a folhear o «jornal», como nós, os que lá trabalhávamos, sempre dissemos.
O nosso «jornal» saiu do nada, por iniciativa do proprietário de uma oficina gráfica, da qual se fez ele próprio cliente. Angola não parecia dizer muito ao entusiasmado Simões. Era um sítio de portugueses. E «estes» careciam de saber melhor o que fazia o Benfica ou o Sporting e evidentemente o Porto, sem perder de vista as idas e vindas do senhor governador ou até dos ministros e secretários de estado que fossem aparecendo.
Vou rever a matéria, aprender o «Jornal» que só conheci quando desembarquei em luanda nos idos de 64. Antes de chegar ao +N+ estagiei no «Comércio». Era um diário, um daqueles que «saía» todos os dias. O director estava doente, em Lisboa.

«Fumar pode ser funesto para o bébé», manchete de l959! Bom, era já de Dezembro,19 mais exactamente,mas quase que podia ser de hoje!, Outra, garantia que Costa Pereira se evidenciara no Sporting-Benfica! Na pág. 14, uma formidável interrogação: «O que é afinal o Mercado Comum?. Na pág. 22 repete-se a pergunta. Pequena gaffe?
Devo salientar que o Hotal Mombaka, de Benguela, aparece evidenciado como terceiro
hotel portugês!
No número seguinte, Costa Pereira volta à evidência: «Nós, os ultramarinos somos tão acarinhados como se tivessemos nascido nos Restauradores. O campeonato português de Portugal fez parte da notícia, como se calcula: «Benfica, à frente, seguido do Sporting. Depois o Guimarães e a seguir o Belenenses. Depois, ainda, o Covilhã e a Académica e só então (7º) o Porto! Aquilo é que eram tempos!...
É no terceiro número, já em 1960, que encontro Angola, com o título: «Morreu o "Cunha" da Quibala». Ergueu um hotel famoso, que espantou o governador de então:Um tal hotel, numa terra que não tinha nem cem habitantes!!! (O que é que o governador entenderia por habitantes?!). Passei por cima «Do Minho ao Algarve»; mirei duas colunas sobre futebol angolano, mas as duas fotos eram jogo Porto-First de Viena...
Finalmente o núnero 4 tem um destaque «nacionalista»: +Angola de Lés a Lés+. Duas páginas inteiras, duas!Logo seguido de uma entrevista com Santos e Sousa - «é antes demais um profissional da Rádio».
Lá isso era e continuou a ser.
Deliciosa a capa do nº5, com a posse do novo governador-geral, dr.Silva Tavares, distinguindo-se entre os assistentes à posse diversos militares de alta patente, o ministro Rui Ulrich, que tutelava as Corporações, a Justiça e o Interior. Coube, claro, ao ministro do Ultramar, Lopes Alves, dar posse.
Na edição seguinte: «sua excelência o Senhor Governador-Geral cumprimenta o representante do +N+, com o sorriso que a imprensa angolana lhe merece!
Mas, no interior, o primeiro choque emocional: Carlos Fernandes, «o moço artista» ganhava o 1º Prémio da «Cultural». Natércia Freire iniciava a sua colaboração no semanário angolano.
No fim de Janeiro anunciava-se o «circuito da Fortaleza». Era bem a mania das corridas de automóveis a impôr-se. E como antologia de grandes reportagens optou-se pelo ataque japonês a Pearl-Harbour!
O «Pica-Pau» fez aparição a 20 de Fev., com uma história infantil e uma foto nos «amigos do». Ocorreu-me que quando entrei no +N+ o chefe me ter dito, com um sorriso de gozo: «...e tens de fazer o pica-porrra»!»
Ainda reli o anúncio a avisar a malta que o +N+ se vendia em Lisboa nas livrarias Bertrand, Portugal e Barata, bem como na delegação, à rua Edison, que não faço a mínima ideia onde seja ou tenha sido.

1 comentário:

Anónimo disse...

No Moxico, o Notícia chegava ao sábado. Eu ficava sempre à espera