terça-feira, agosto 17, 2010

+N+ -1963 (3)

No mês seguinte, em Agosto,o director do Colério João de Castro, de Nova Lisboa, escreve ao +N+ a dizer que era um director do caraças, sempre muito preocupado com os alunos, e que o aluno que morreu era um aluno detestável, bera como tudo.E que toda a gente que disse mal dele, director,se havia de lixar, no tribunal. Claro que disse o que quis dizer por outras palavras, presumivelmente adocicadas pelo senhor seu advogado.
Marilyn Monroe ilustrou a capa da semana seginte. A sujeita,mesmo em capa a preto e branco iluminou a página. Fabulosa criatura!
Charulla de Azevedo é de facto o redactor principal. Conta ou zurze no que vê e ouve. De algum modo carrega o Jornal e torna-o uma referência em Angola.
Em Setembro tudo na mesma. Os mesmos nomes de topo.
Os mercados de café em Bula Atumba é uma reportagem, de Charulla, tipo estaladão. Só com texto.Palavras escritas,palavras duras,escritas a sorrir.Um belo texto...
Américo Tomás veio a Angola reconhecer. Muita gente antes, e alguma depois, também. Em Angola,porém, reconhecia-se melhor o Presidente do Conselho de Ministros! Mas as reportagens da visita de Tomás são, sobretudo, um magnífico registo, não apenas da estadia mas também a imagem da realidade de Angola. Essas imagens, no princípio de Outubro mostravam, a quantos quisessem ver,um tipo de vida bem melhor do que o que se vivia na Metrópole! E não era, nunca foi, por condescendência de Lisboa.
Ainda com Tomás nas páginas do +N+, Charulla de Azevedo escreveu: «... sempre arranjamos,nestes três abençoados anos,maneira de melhorarum pouco a nossa vida e, principalmente, de garantir a dos nossos filhos!» As coisas não acabariam assim. Mas isso ele nunca soube...
Charulla vai à Alemanha e Acácio Barradas fica a substituí-lo,na ausência.É anunciado o «Café da Noite»,o programa de rádio, que se tornaria o mais popular em Luanda, com Sebastião Coelho.E um texto fabuloso, a servir de título:
«ÀS 7 DA MANHÃ MORREU a PIAF.
ÀS 8 OS PARISIENSES ESCUTARAM NA RADIO
O ELOGIO FÚNEBRE,ESCRITO E LIDO POR JEAN COCTEAU.
ÀS 13 MORRIA JEAN COCTEAU...
Fez-me impressão, confesso.E,agora,talvez mais. A 26 de Outubro leio que a «consagrada» Comissão de Censura resolvera punir com suspensão o NOTÍCIA. «A pena aplica-se a uma única semana».Logo não haveria +N+a 2 de Novembro.Entretanto dava-se conta da entrada de Tavares da Silva.Mas a 16 não lhe vi, nem na ficha técnica.
A 23 João Charulla de Azevedo passa a figurar como Director-adjunto e Acácio Barradas entra no genérico como Chefe de Redacção, que efectivamente já devia ser.
O Quim Cabral, esse, ia aparecendo de vez em quando,continuando «amarrado» no CITA.
Duas páginasinteiras, sem pub, com fotos de Sophia Loren a fazer strip tease,bem até certo ponto. O que apetecia ver não se viu.
Via-se, isso sim, Jack Ruby disparar sobre Lee Oswald, e o adeus dos Kennedy ao irmão defunto...
Capa, capa mesmo, a 7 de Dezembro, a bébé às costas da mãe.Um estilo de vida, com título saboro:
«Mãe:a mulher que toda a gente adora». Claro está que a mãe negra é um trabalho excelente de Joaquim Cabral...
Segue-se outra capa das arábias: cinco fotos, cinco, de lata amolgada. Carros tramados, mesmo os de luxo, por um cilindro tractorizado...

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