Pois é, Leston, 30 anos passaram e a memória ainda se sobressalta. Em 75 também estive no Lubango. Foi depois de teres saído. Mas Sá da Bandeira ainda mexia. Funcionava o cinema, havia comércio. Comprei livros. Fui a um alfaiate bem conhecido na terra, irmão de outro alfaiate de Luanda, onde se fazia roupa por medida. Comprei dois pares de calças, confeccionadas para alguém que entretanto fora embora e conheci e dei-me bem com um dos manos Peyroteo. Ele estava envolvido. Fazia parte do grupo de «elps». Grande parte deles provinha dos comandos. De resto eu já tinha confraternizado com uns quantos, no Ambriz, entre os quais um dos seus comandantes, Santos e Castro, irmão do último governador. Lá estive com João Cardoso, ex-comando e ex-administrador do Notícia e o inditoso Manuel popó, que foi um dos guardiões de Spínola e um grupo de ex-militares. À pista do Ambriz vi chegar material de guerra, como carros blindados, canhões e coisas dessas que cabiam nos C-130. E soldados zairenses. Começou a correr mal porque o comando das operações foi entregue a um oficial zairota. Eles limparam a zona, mas não na direcção de Luanda e iam avançando na direcção de Catete. O grupo português, digamos assim, cuidou da área adjacednte e ocupou a barragem de Cambambe.
Durante a noite os soldados zairenses ouviram um ruido qualquer e fugiram. Os Faplas reocuparam a barragem, sem disparar um tiro! Na noite seguinte um pequeno grupo de comandos resolveu trepar até à barragem sem ruído. Tinham pedido aos soldados, em baixo, para não fazer barulho. Não foram capazes de cumprir a odem.
Quando estavam quase a supreender os vigias, alguém embaixo disparou uma rajada para cima.
Foi a vez dos soldados debandarem... Antes disso, já tinha tido ocasião de assistir a outras facécias. Era então um grupo de fenelás, comandados por um dos ex-chefes dos «Flechas». Estavam mais dois: um para decifrar mensagens e outro especialista em interrogatórios.
Havia um piloto brasileiro, divertido. Deves lembrar-te dele, Leston. Foi ele que pilotou o monomotor que foi largar panfletos sobre Luanda e que levava uma bomba caseira para largar sobre o Rádio Clube. Quem largou a bomba foi o Renato Ramos, mas ninguém jamais soube onde ela caíu! Eu e o Renato saímos juntos de Luanda. Apareceu por lá um tipo da CIA que foi avisar que o apoio americano ia desaparecer, com a tomada de posse do novo presidente dos states.
Entretanto os cubanos concentraram-se no morro da Cal, à espera da invasão. Acho que já contei a estória do canhão que falhou e a invasão gorou-se.
Dias depois segui com o Renato para Sá da Bandeira. Voar era o único meio seguro. Tinha sido um piloto da Taag que desviara o aparelho. Foi ele que me contou ter assistido, do ar, ao desembarque de cubanos, em Novo Redondo.
Em Sá da Bandeira não se viam soldados sul-africanos. Dos portugueses, com alguns angolanos,
havia uma porção deles, não muitos. Unitas é que eram aos magotes e muito cheios de importância. No hotel vi com frequência oficiais sul-africanos. Os soldados estavam aquartelados no aeorporto. O único soldado visível era o motorista dos oficiais. Não fui ao Huambo, à tomada de posse do governo da RDA. Um dos ministros empossados, um conhecido advogado de Luanda, voltaria à capital angolana, uns 20 anos depois, para presidir à comissão eleitoral. Creio que foram as únicas eleições que se realizaram por lá, até aos nossos dias.( continua, já a seguir)
Durante a noite os soldados zairenses ouviram um ruido qualquer e fugiram. Os Faplas reocuparam a barragem, sem disparar um tiro! Na noite seguinte um pequeno grupo de comandos resolveu trepar até à barragem sem ruído. Tinham pedido aos soldados, em baixo, para não fazer barulho. Não foram capazes de cumprir a odem.
Quando estavam quase a supreender os vigias, alguém embaixo disparou uma rajada para cima.
Foi a vez dos soldados debandarem... Antes disso, já tinha tido ocasião de assistir a outras facécias. Era então um grupo de fenelás, comandados por um dos ex-chefes dos «Flechas». Estavam mais dois: um para decifrar mensagens e outro especialista em interrogatórios.
Havia um piloto brasileiro, divertido. Deves lembrar-te dele, Leston. Foi ele que pilotou o monomotor que foi largar panfletos sobre Luanda e que levava uma bomba caseira para largar sobre o Rádio Clube. Quem largou a bomba foi o Renato Ramos, mas ninguém jamais soube onde ela caíu! Eu e o Renato saímos juntos de Luanda. Apareceu por lá um tipo da CIA que foi avisar que o apoio americano ia desaparecer, com a tomada de posse do novo presidente dos states.
Entretanto os cubanos concentraram-se no morro da Cal, à espera da invasão. Acho que já contei a estória do canhão que falhou e a invasão gorou-se.
Dias depois segui com o Renato para Sá da Bandeira. Voar era o único meio seguro. Tinha sido um piloto da Taag que desviara o aparelho. Foi ele que me contou ter assistido, do ar, ao desembarque de cubanos, em Novo Redondo.
Em Sá da Bandeira não se viam soldados sul-africanos. Dos portugueses, com alguns angolanos,
havia uma porção deles, não muitos. Unitas é que eram aos magotes e muito cheios de importância. No hotel vi com frequência oficiais sul-africanos. Os soldados estavam aquartelados no aeorporto. O único soldado visível era o motorista dos oficiais. Não fui ao Huambo, à tomada de posse do governo da RDA. Um dos ministros empossados, um conhecido advogado de Luanda, voltaria à capital angolana, uns 20 anos depois, para presidir à comissão eleitoral. Creio que foram as únicas eleições que se realizaram por lá, até aos nossos dias.( continua, já a seguir)
1 comentário:
o africandar é um belo blog que demonstra à saciedade a irresponsabilidade criminosa que subjaz às independências das colónias portuguesas...Compreende-se afinal a teimosia de uns que sempre invocaram a completa indanidade de outos. Continuem porque é bom ler as memórias da irresponsabilidade readical e absoluta.
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