Voltei a Lisboa no fim do ano de 75, exactamente a 31 de Dezembro. Trazia alguns rands no bolso e, como se costuma dizer, uma mala cheia de nada. Possuia um passaporte que me assegurava a nacionalidade portuguesa, emitido em Luanda. Não se pode dizer que tenha passado dificuldades ou problemas de reintegração. Tinha saído no auge do fascismo, um
fascismo heroicamente escondido atrás de Salazar. No regresso encontrei o país diferente, um país fruto do 25 de Abril. Esperei trinta anos pelo resultado. Deu nisto. Do que ficou para trás nem vale a pena falar. Quem tiver dúvidas que vá lá ver, com duas pequenas excepções: Cabo Verde, que se tornou um país decente e Macau, que se reintegrou na China com sublime dignidade.
Tudo o mais são estórias, não é História. Pessoalmente não me sinto muito à-vontade para criticar as maldades que se fizeram ou continuam a fazer, sabendo, como muito bem se sabe por aí das maldades que por cá se vão fazendo aos ultramarinos que para aqui fugiram ou para cá vieram pelas mesmas razões que muitos de nós para lá fomos: sobreviver.
É bem verdade que por lá muitos de nós sobrevivemos muito bem, enquanto por cá os de fora não tiverem nem têm sorte que se veja. Hoje, sábado, saiu-nos um editorial no DN muito choramingas, com lágrimas, senhores, lágrimas de crocodilo. No mês passado, em Paris, foi pior!
Quer seja num musseque de Cascais ou num hotel parisieiro são sempre os mesmos a pagar a crise. É rigorosamente assim.
1 comentário:
Parabens pelo seu blog. Gostaria que visitasse para conhecer e recomendar aos amigos de Angola minha pagina sobre curiosidades eleitorais , comparativos no mundo.
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noely manfredini - curitiba, parana, brasil
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