Eu gosto de tgv, mas qualquer comboio me serve. A primeira vez que ouvi falar de comboio veloz foi ao meu mano mais novo, depois de uma longa viagem que ele fez e que incluiu o Japão. Naquele Japãp dos anos 60 já havia comboios como não havia nos Estados Unidos, onde se perde muito tempo a arrumar bombas atómicas e pouco a tratar das pessoas, mesmo americanas. O comboio japonês do meu irmão que ia muito depressa de Tóquio a não sei onde, não era Lusaka, não, mas qualquer de parecido!
Nesse tempo, eu delirava com o comboio de Benguela, que por ser de Benguela saía do Lobito e Benguela amuou. Disse que não podia ser e o comboio resolveu dividir o mal pelas aldeias: saía metade de Benguela e outra metade do Lobito e entrelaçavam-se algures, suponho que na Catumbela. E eu que andava influenciado por uma senhora que me sussurava: "mais devagar, menino, mais devagar, não tenhas pressa!", habituei-me ao andar dos comboios lentos e a condicionar as velocidades...
Já nos anos 80 usei o tgv Paris-Marselha. Era mentira, tão mentira como qualquer mentira portuga. O tgv andava como tgv só até Lyon. Daí em diante rodava como qualquer comboio da linha de Sintra. Bom, não é bem assim.Nesse tempo, já os comboios franceses de longo curso
desfilavam a 180 km/hora, mas a novidade já ia nos 300 km!
Hoje em dia, os comboios andam que se desunham praticamente para todo o lado e passam pelas fronteiras sem dar cavaco.
E em Angola houve comboios e o comboio lá era coisa séria! Vai havendo uns troços, vai havendo! Mas não há o comboio que havia nem o que já devia haver. Angola tem tido o que muito poucos países do mundo conseguem: dinheiro fácil. E nos últimos anos demasiado fácil. Um pouco desse dinheiro, desses diamantes e desse petróleo podia ter recuperado, corrigido e aumentado os caminhos de ferro e desse modo empurrado o desenvolvimento para o interior, onde há espaço para toda a mão de obra que for precisa.
Repor a tranquilidade e alargar horizontes. Se necessário reinventar a extensão rural, sem complexos. Não faz sentido deixar uma população morrer à míngua, com tanta «sopa» debaixo do chão! De momento nada falta para arrumar a casa. Só a vontade parece escassa. Um dia destes o petróleo vai secar ou simplesmente passar de moda. Bom seria que quando partisse deixasse a mesa posta!...
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