Esta viagem de Guebuza a Lisboa e o pré-acordo sobre a barragem de Cahora Bassa não deixou rasto. Ninguém se atreve a um comentário menos respeitoso, mais ousado. Está tudo de acordo. De acordo com o quê? Ninguém sabe. Eu acho que nem o próprio primeiro-ministro, que tanto e tão alto se congratulou com o tal pré-acordo, sabe exactamente o que fez ou o que vai fazer.
Sua Excelência, o Presidente da República de Moçambique, eleito pelo povo da sua terra em eleições que os observadores internacionais consideraram justas e livres (por isso, o nosso respeito), veio a Portugal com uma importante comitiva de empresários.
A grande maioria daqueles senhores representam empresas cujo proprietário é o próprio Armando Guebuza. É verdade que não chega ao ponto de Nino Vieira que vendia por um milhão de dólares cada viagem a Taiwan, mas que se está a servir do Estado a que preside para enriquecer pessoalmente, parece óbvio.
Serve-se do Estado para enriquecer e não só!
Assistimos ao ridículo de um oficial de diligências da presidência da República de um dos mais pobres estados do Mundo, todo engalanado de cordões dourados e outras bugigangas reluzentes, levar os papéis que Sua Excelência ia ler ao local apropriado num dos anfiteatros da Gulbenkian. A mesma excelência a quem Samora Machel dava chapadas porque, já ministro, fazia disparates, cometia atropelos, tinha pressa em ficar rico.
Serve-se do Estado para ridicularizar o seu próprio povo! Aquele protocolo... já nem o Bush usa.
Os senhores que andaram muito solícitos a apajar sua excelência, são os mesmos que daqui a alguns tempos vamos ouvir a verberar veementemente a chamada corrupção africana, "cuja" começa e acaba na Europa, em capitais como Londres, Paris e... e.... Lisboa.
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