sábado, agosto 27, 2005

O LIBERTINO PASSEOU-SE PELO MUSSULO

Que o Luís me perdõe o abuso, mas foi em Luanda que eu li o seu amoroso deambular por Braga. O meu passeio foi mais prosaico. Aos dias de semana o Mussulo era...
E porque era, podia-se lá ir. Podia-se lá estar. Podia-se sonhar. E se Deus fez o Mussulo com tamanho carinho, decerto que se podia amar, mesmo de maneira fugidia.
Encomendava-se o almoço, à chegada passeava-se à beira mar.
Quando, à noite, regressava a casa levava um bolo, para aliviar a consciência. Também me aconteceu dar a minha de burgês e levar o agregado familiar ao Mussulo, num domingo. À Corimba fazer bicha para o «cacilheiro», desculpem, mas sou natural da Alfredo da Costa e falo à maneira que me habituei enquanto ia dando uns pontapés na bola de trapos. Encafuados no barco, chegava-se à ilha e... era o Inferno. Tudo cheio, gente por todo o lado, montes de miudos. E nem adiantava arranjar uma mesa. Nunca mais se era servido. Valeram-me os amigos que me chamaram para junto deles e da comida deles.
Não era a mesma ilha ou, talvez, no fim de contas, haja mais que um Deus, e o que está de serviço ao sétimo dia tenha um humor filho da mãe. Não repeti a graça.
Não era culpa minha que os meninos andassem na escola e a mulher trabalhasse no Banco...
Esporadicamente continuei a ir, a estar, sonhar, etc...
Frequentemente ia com um jovem arquitecto, que tinha barco, dos que não avariavam por tudo e por nada. Além de ter barco e ser arquitecto, estava na tropa. Lembro-me uma vez de o ter procurado no atelier e ele estar apressado a acabar uns riscos, porque tinha de ir a correr não sei onde para participar num desfile militar. E lá saiu a correr, devidamente fardado, salvo que se esqueceu das botas. E não é que fez o desfile de chinelos! Faço lá ideia da quantidade de oficiais que se esforçaram por não ver...
Como se não lhe bastasse ser arquitecto, militar e distraído ainda arronjou forma de ser bisneto
de Gungunhana, por parte da avó. Podem imaginar o gozo que me deu, por alturas da primeira FIL(da), quando me apareceu em Luanda, um amigo, artista plástico, que ia decorar o pavilhão da Diamang, também marido de uma finlandesa e que era, imaginem!, neto de Mouzinho de Albuquerque. Não resisti e levei-o a casa do arquitecto, num sábado, dia em que se almoçava
um funge muito sério. O arquitecto desatou a rir:«faça favor de entrar e sentar-se...» uma pausa, para sibilar logo a seguir «... numa cadeira!».
Como jornalista perdi a oportunidade. Nunca mais consegui tê-los juntos para fotografar o encontro e eu trabalhava num semanário ilustrado...

1 comentário:

Toix disse...

Ou me engano muito ou esse arquitecto é o que anda agora a arquitectar uma nova capital para Angola, estilo Brasília, algures perto de Camacupa que é o centro geográfico do território. E querem chamar Angólia a mais este disparate. Xiça! Engólia tu!
(lusofolia)