Dezembro de 1972. Um bom amigo foi visitar-me a casa da minha irmã, onde estava com os meus filhos. Fazer-me uma surpresa, dar-me um presente. No regresso, na subida da estrada que vinha do aeroporto, no Lubango, a chamada subida da Mobil, a oficina do Amâncio, um louco, que vinha da esquerda ampanhou o Fiat 850 do Humberto Ricardo e atirou-o a não sei quantos metros, já para lá da rua que descia para o campo do Benfica.
O Ricardo foi para o Hospital e todos nós nos mobilizámos à sua volta. Entrou em coma, estado que manteve por onze dias, sempre vigiado pelos drs. Palha e Carneiro e pelo Enfermeiro Serafim Jorge, membro fundador da AMI.Foi para Luanda e voltou - nunca à sua vida normal, porque entre a pancada do louco e os vários meses de Hospital, ficou muito do seu humor, da sua sagacidade, da sua enorme alegria de viver e algum do seu encanto.
Aconteceu, entretanto, o 25 de Abril e a confusão administrativa estabeleceu-se. As Companhias de Seguros aproveitaram para não pagar o que tinham para pagar e o Ricardo teve que resolver os seus problemas sózinho. Tinha tirado o "brevet" há pouco tempo, mas o desastre tirou-lho. E, com ele, os seus grandes sonhos de voar céus altos, lonjuras distantes.
Todos os Natais, além de outras lembranças, tenho este Ricardo a entrar-me pela cabeça e a encher-ma de "ses". Viva, Humberto, Boas Festas!
1 comentário:
Hi there, people! :-)
Vim aqui dar, puxando pelo nome do Enf. Serafim Jorge, que tive o prazer(íssimo) de conhecer na AMI, e encontrei um espaço de imensa riqueza, onde aproveito para deixar, com um abraço, uns traços de letras humildes, motivada pelo título "Cheiros de África" que li ali em cima. Até à próxima; breve!
http://camuflagens.blogspot.com/2009/03/o-fim.html
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