Não se trata, bem entendido, de devoção. Já gostei mais do Benfica do que gosto hoje em dia. Viajar, sim, mas da maneira que os reformados podem: de memória. Sempre que chove na minha aldeia memorizo o suave entardecer e o pôr-do-Sol, no Morro da Lua! Sempre que à noite, a tiritar de frio, passeio o cão, imagino-me sentado no Miramar a desfrutar o filme!
Ir pelo tempo fora não aquece nem arrefece. Mas pode ajudar a entender quando se está disposto a tolerar. A intransigência reflecte, por certo, algumas fragilidades. Toda e qualquer insegurança requer carapaça espessa e desconfiada.
Eu tenho dúvidas, logo existo. Caramba!, desconfio que estou a ir longe demais! Inflecte, rapaz, inflecte. Limita-te aos poetas do povo, que ensinam sem canudo, foi-me soprando algum antanho apiedado. É por via desses sopros que eu mais naturalmente canto: «...e o polícia malfeitor que só malvadez contém/ prendeu a pobre velhinha/qu'andava a roubar flores/ p'ra pôr no túmulo da mãe!», do que me defendo com um concludente: «mas sei que não vou por aí»! Tempo houve que tal saber régio ocupava lugar e não raro saía caro!
Deve ser por isto que me acolhi à aldeia, numa rua com três casas. E cada casa é um acaso. Não há ódios nem rancores/ Tem-se amor pela vida alheia/ cada qual seu pão grangeia. Não é bem assim, convenhamos. Ninguém é primo de ninguèm, todas as casas têm fechadura e à noite
vê-se televisão. Calha melhor buscar da cabeça alguém como Cezarini, que me apareceu uma noite destas, com Sampaio, no Telejornal: «no país no país no país onde os homens são só até ao joelho». Eu sei, eu sei, por aqui nem ao artelho se chega, são os recos quem mais ordena. É a grunhir que a gente se entende.
Que mares nunca dantes navegados nos afundem. Que Louçã nos defenda e o bom profeta nos Alegre o caminho!
Ir pelo tempo fora não aquece nem arrefece. Mas pode ajudar a entender quando se está disposto a tolerar. A intransigência reflecte, por certo, algumas fragilidades. Toda e qualquer insegurança requer carapaça espessa e desconfiada.
Eu tenho dúvidas, logo existo. Caramba!, desconfio que estou a ir longe demais! Inflecte, rapaz, inflecte. Limita-te aos poetas do povo, que ensinam sem canudo, foi-me soprando algum antanho apiedado. É por via desses sopros que eu mais naturalmente canto: «...e o polícia malfeitor que só malvadez contém/ prendeu a pobre velhinha/qu'andava a roubar flores/ p'ra pôr no túmulo da mãe!», do que me defendo com um concludente: «mas sei que não vou por aí»! Tempo houve que tal saber régio ocupava lugar e não raro saía caro!
Deve ser por isto que me acolhi à aldeia, numa rua com três casas. E cada casa é um acaso. Não há ódios nem rancores/ Tem-se amor pela vida alheia/ cada qual seu pão grangeia. Não é bem assim, convenhamos. Ninguém é primo de ninguèm, todas as casas têm fechadura e à noite
vê-se televisão. Calha melhor buscar da cabeça alguém como Cezarini, que me apareceu uma noite destas, com Sampaio, no Telejornal: «no país no país no país onde os homens são só até ao joelho». Eu sei, eu sei, por aqui nem ao artelho se chega, são os recos quem mais ordena. É a grunhir que a gente se entende.
Que mares nunca dantes navegados nos afundem. Que Louçã nos defenda e o bom profeta nos Alegre o caminho!
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