Foi o que me ocorreu depois de reflectir, quando os angolanos tiveram eleições. O que contou para os angolanos, para a esmagadora maioria deles foi o exercício de afirmação, um tipo de liberdade que nunca tiveram. Os dados estavam viciados à partida. A soma dos votos seria, como foi, irrelevante. De um lado um muito mau; do outro um muito péssimo. Fosse qual fosse
o efeito da soma das cruzes o resultado seria o mesmo: o calvário.
O problema com as eleições é a falta de sentido. Não se escolhe o melhor por ser melhor. Nem sequer o mais hábil por ser mais hábil, como ocorre por aqui, neste pedaço da Europa. As mais das vezes são as forças da inércia a comandar os destinos. Quando Salazar caíu da cadeira, o regime não percebeu logo que estava enferrujado. Marcelo, que inventou as «conversas em família», que o afilhado haveria de continuar, tentou arejar as ideias e a governação, mas logo o regime torceu o nariz, escorando-se no almirante Thomaz (a grafia é para sublinhar as teias de aranha!). Mas a idade é o que é, mesmo quando não parece, e o sucessor do botas pôs o Presidente da República a falar, pela televisão, aos portugueses. Foi o fim da macacada. E o fim do regime, a cair de podre.
Inevitavelmente há um fim para tudo e nisso eu acredito e nem preciso de participar. Basta-me estar quieto. Quando insistem comigo para participar, que não é só um direito, é igualmente um dever, eu murmuro para dentro: «Sim,pois, mas já dei»...
A ideia de andar para trás não rejuvenesce. Em Luanda estão tristes por falta de eleições. E candidatos ? Quem como e onde? Qualquer general trapalhão,pode dar um golpe e ser feliz, mas sem esse risco de sangue não há como, salvo se um qualquer Bush precisar de gasolina para o isqueiro...
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