quinta-feira, dezembro 08, 2005

Debate A Sério

Sem intermediários, sem regras duramente negociadas, eis que, neste blogue, se abriu um debate rijo, sério, de cavalheiros, sobre a acção de um homem menor, que, por acaso, eu conheço: o "dr". José Manuel dos Reis Barroso. E conheço de outros tempos, de outras canalhices, de outras encomendas e de outros despedimentos.O Fernando e o António vão deixar-me entrar no debate sobre o homem e o profissional, a que eu acrescento, o moço de recados. A estória de mais este despedimento sem dignidade está, afinal, contada, pela própria vítima, em carta dirigida ao algoz. Reparem. Leiam com atenção os excertos que eu seleccionei. Escusam de me agradecer o facto de eu continuar a ser "bem informado". Para vocês os dois , abraços e a promessa de um almoço a sério, um dia destes, lá para os lados do Cais do Sodré, bem longe da Rua João Couto, que, por sorte, não é "do Coito":


Exmo. Sr. Administrador-Delegado:

A carta endereçada por V. Exa. ao signatário, assinada, embora, a 28 de Outubro de 2005, saiu de Lisboa por Correio Azul Int – como se vê pelo carimbo – a 16 de Novembro de 2005, não cumprindo, assim, o estipulado no artigo citado. Penso, assim, que devo, pelo menos, para efeitos de pagamento, entender que deixo de ter contracto com a agência Lusa a partir de 15 de Dezembro.Por outro lado, ao citar a cláusula sexta – que estipula que cada parte pode denunciar o contrato desde que avise com 30 dias de antecedência, e só isso - terá de ver igualmente as cláusulas a seguir, uma das quais tem a ver com o pagamento das despesas. E aí tenho mais de um ano de não recebimento dessas mesmas despesas. Enviei atempadamente os justificativos. A partir de determinado momento, e sem nada me ser dito, deixaram de me pagar. Quero, portanto, receber esses dinheiros.
(...)
Desde que a actual Direcção tomou conta dos destinos da LUSA, anotei, desde logo, que não havia muito a fazer. E isto porque não havia (nem há) sensibilidade para as coisas das Comunidades. Como não havia (nem há) sensibilidade para as coisas da Lusofonia.Entenda-se, a este propósito, que até ali, e falando apenas do meu trabalho, a média de produção era de 2 a 3 notícias por dia.
A partir dali, para conseguir uma média de 2 a 3 notícias por semana, tinha de lutar e de levar ao extremo a minha habilidade de “furar” o que me parecia ser o “sistema”.
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País este que é cada vez menos uma Nação de 10 milhões de habitantes, mas sim de, no mínimo, 15 milhões de Portugueses que vivem espalhados pelos quatro cantos. E isto para não entrar o campo da Lusofonia, em que são cada vez menos as informações que chegam aos grandes (ou pequenos) Jornais.Depois de várias “démarches” continuei a anotar que, das duas uma: ou não publicavam as notícias ou as truncavam de tal modo, naquilo a que eufemisticamente chamam editar, que era uma mexerufada em que ninguém se entendia.
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Tenha-se em atenção que de cada 5 notícias que enviava, saía na melhor das hipóteses, uma...Ora, sou um Jornalista profissional desde sempre. Na minha vida profissional, que encetei logo depois de deixar de estudar, fiz SÓ Agências de Notícias, Jornais (especialmente diários), Rádio e Televisão. E sempre no sector da Informação. Nunca fiz mais nada. Nunca ganhei um cêntimo de outras actividades (que me lembre, pelo menos). Na LUSA estava a sofrer tratos de polé, sobretudo da parte de quadros intermédios que tinham como missão fazer com que eu e mais alguns colegas verdadeiramente profissionais saissem da agência.Ainda recentemente, quando da deslocação do Sporting Clube de Portugal a Toronto, dei comigo, ao intervalo, a telefonar para a LUSA, para dar nota de que ao intervalo o Sporting estava a ganhar por 1-0. Disseram-me que não, que não valia a pena. Mesmo assim, no final, fiz uma nota com o resultado, os marcadores, etc. Publicaram-na, sim, e a própria “A Bola” utilizou-a.
(...)
Na LUSA, nunca esta Direcção me deu instruções para mudar seja o que for. Se houve alterações no estilo, nunca me mandaram o novo livro de estilo. Se houve alterações na forma de actuar, nunca me deram a mínima instrução sobre isso. O que é capaz de explicar muita coisa.
(...)
Não peço a V. Exa. que reveja a denúncia do meu contracto de prestação de serviço, embora isso só honrasse quem está à frente dos destinos da LUSA Agência de Notícias de Portugal. E não lhe peço por saber que essa tomada de posição não está no espírito da “nossa” agência. Peço-lhe, isso sim, que denuncie, se entender, o meu contrato de prestação de serviços, mas com UM MÍNIMO DE DIGNIDADE, isto é, que me faça sair da LUSA, que servi durante cerca de 20 anos, com esse mesmo MÌNIMO DE DIGNIDADE. Isso acabaria por honrar a própria Agência de Notícias.
Apresento a V. Exa os meus melhores cumprimentos,
Fernando Cruz Gomes

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