Começou por ser um repto, mas pode transformar-se num desafio, num toque a reunir de uma enorme tribo destribalizada mas sobrevivente, num grito de quem reivindica o direito ao passado e, de raízes ao léu, consegue identificar, lá longe, o sítio aonde pertencem. "Essas raízes não mergulharão noutra terra" - dizia a feiticeira das margens do Cunene
terça-feira, dezembro 30, 2008
Angola e o Futuro
sexta-feira, dezembro 05, 2008
E os Zimbabweanos, Senhor?
Comandados por um monstro de nome Mugabe atiraram o seu próprio povo, em nome do qual dizem ter lutado contra Yan Smith, para a mais absoluta miséria.
É verdade que hoje Mugabe já é apenas o porta-voz de um grupo que tomou conta do país e continuará, até ao último cêntimo, a roubar o povo mártir do Zimbabwé.
Agora é a cólera que mata todos os dias, que ameaça todo o país. Mugabe pede auxílio e diz que precisa não sei quantos milhões de Euros para fazer face à calamidade pública. Mas quem é que vai confiar dinheiro a este grupo de corruptos?
As notícias vindas de Harare magoam, mas as cumplicidades que se descobrem no suporte a esta situação ferem como golpes de espadas afiadas pela ganância, pela defesa de interesses muitas vezes inconfessáveis, porque pessoais, porque definidores de alianças espúrias.
Por que razão Angola continua a apoiar Mugabe? Terá que ter autorização da China para se juntar aos chefes de Estado da região, e não só, que reclamam que o ditador deve deixar o poder a bem ou a mal?
Onde estão os movimentos cívicos angolanos, agora que parece haver democracia, para reclamarem do seu governo uma posição humanista em relação aos pobres zimbabweanos vítimas de uma ditadura execrável que já ultrapassou tudo?
segunda-feira, novembro 17, 2008
A Síntese de Mia Couto
sexta-feira, novembro 14, 2008
Angola - A Fraude das Empresas Públicas
Quando, aqui há umas semanas, questionei a «obesidade governamental», inquietavam-me também algumas «traquinices» daqueles que se auto-intitulando de gestores» de empresas públicas estão a tirar o sono tanto a economistas sérios, como a contribuintes igualmente sérios.
Depois de ter anunciado o saneamento das empresas públicas, o que o Primeiro-Ministro, Paulo Kassoma, terá agora de enfrentar, não são apenas essas «traquinices», mas a difícil caminhada que será necessário empreender para as sanear, de alto a baixo, devolver-lhes saúde financeira, insuflar-lhes capacidade de gestão, prepará-las para a concorrência, num mercado cada vez mais «feroz», e restituir-lhes dignidade moral e empresarial.
O Primeiro-Ministro terá também que promover a descentralização empresarial para criar pólos de desenvolvimento fora de Luanda e da restante orla marítima. Trata-se de uma «cesariana» que pode vir a traumatizar os progenitores de «crianças», que tendo sido momentaneamente «dopadas», encarnaram a força de «elefantes brancos» que, afinal, têm pés de barro e cabeça de tolos. E, de quem é, em parte, a esponsabilidade por essedesvario?
Desde logo, do Estado por se ter imposto no passado, de forma paternalista e demagógica,como o principal «guarda-chuva» de admissões e promoções populistas. Logo, esse mesmo Estado vai ter de assumir agora o despedimento de mão-de-obra excedentária e, na maior parte dos casos, desqualificada, que custa aos seus cofres todos os meses milhões de dólares.
Esse é um desafio inadiável e esperemos que não adormeça à cesta na retórica. Mais do que recomendável, é imperativo que a «purga» se estenda, sem excepção, a todas as empresas públicas e não apenas à TAAG. Essa é, de resto, uma condição essencial para dar o pontapé de saída à moralização de um dos pilares da nossa economia: as empresas.
Mas, sanear o pessoal excedentário dalguns desses «monstros» não é o único desafio que se coloca aos novos governantes, que agora as têm sob a sua tutela. Mais do que isso, será necessário introduzir uma nova e moderna cultura de gestão empresarial. Porquê? Porque há gente, há mais de vinte anos, à frente de empresas que não sabe sequer lavrar um ofício.
Há «gestores-economistas» que argumentam que a «raíz quadrada» nem sempre dá certo! Há ainda empresas que têm, proporcionalmente,tantos trabalhadores quantos «chefes». Há gente, nestas circunstâncias, que não prestando contas ao Estado, também não sabe como fazê-lo, porque nem sequer sabe calcular a taxa de juros de empréstimos contraídos pelas empresas que é suposto gerirem. Custa acreditar, mas a verdade é que «gestores» deste descalabro, sentem-se confortavelmente acomodados…Essa «fraude» nem sequer precisa de ser descodificada.
Os poros dos seus autores, desprovidos, na maior parte dos casos, da mais elementar noção de gestão, destilam má relação com o dinheiro, «ódio» pelas normas administrativas, esbanjamento de recursos e uma crónica incapacidade governativa. As empresas adormeceram à espera de decisões políticas, que nunca chegaram ao destino.
Vítimas de abusos de poder, a única coisa certa nelas é que, afinal, tudo ou quase tudo,estava errado! Resultado: mal educadas e, pior, habituadas ao proteccionismo do Estado, a deriva na maior parte delas é total!
Quem a provocou, como «gestor» público, não pode agora ser desculpado, mesmo porque, depois de ter endossado «cheques em branco» aos contribuintes, as desculpas não se pedem, antes evitam-se!
Agora, só há um caminho a seguir: que Deus nos livre rapidamente desses pseudo-gestores!
Eles que sejam substituídos por gente competente, gente que saiba perseguir a competitividade, a dignificação profissional e o lucro como o «soro» que há-de alimentar as veias da economia de Angola, fora da orlado petróleo e dos diamantes.
O Estado tem de os substituir porque nessas empresas tiveram a «gentileza» de fazer da capitulação profissional e do vazio ético, dois dos símbolos da decadência do seu «modelo» de gestão.
O que estas engravatadas criaturas demonstram saber fazer bem é ostentar fatos Armani,BMW X6, relógios «Rolex», cabelo cheio degel e forjar «viagens em serviço» ao exterior do país com fins turísticos…
Alguns deles, de mediocridade pavorosa, como diria Baptista Bastos, um dos maiores cronistas portugueses, não dão conta sequer de que, mais do que sofríveis, são doentiamente insignificantes! Não estão preocupados com a gestão empresarial mas apenas obcecados com o poder empresarial. Pensam que só sabem mandar. Acontece que, desgraçadamente,não sabem fazer nem uma coisa, nem outra!Não sabem mandar e, pior do que isso, muito menos pensar. E o que o país mais precisa, neste momento, é de gente que saiba pensar e gerir. Gente que saiba formular uma nova ideia de administração empresarial pública, com o concurso de jovens tecnocratas, ávidos por libertar novas competências e modernas técnicas de gestão ou mesmo com recurso a gestores expatriados.
Gente que saiba levar as empresas públicas a ganhar músculo e a perder gordura. Porque o que a experiência comprova hoje, é que, na maior parte delas – e a crítica aqui não deve ser confundida como uma defesa da sua privatização - já só resta a poeira de um império esquelético.
Agora há que projectar «fénix» para sanear primeiro e depois delinear uma nova filosofia de gestão para o sector empresarial público em Angola. Mas, sanear para quê?
Sanear para levantar o tapete, destapar a porcaria nele incrustada e sepultar «mitos».
Sanear para quê? Sanear para pôr ordem na maioria das empresas públicas, que estão
transformadas em autênticas agências «funerárias» de emprego.
Sanear para quê? Sanear para enterrar «cadáveres» que exalam um cheiro pestilento sobre um modelo de gestão miserável.
Sanear para quê? Sanear para «sepultar»também clientelas que se alimentam do tráfico
de influência e da corrupção.
Sanear para quê? Sanear para não sermos contaminados pelo vírus de pseudo-gestores que só sabem exibir incompetência, promover o nepotismo e, pasme-se!, auto-elogiar, em praça pública, a sua irresponsabilidade empresarial, expondo, sem quaisquer pudores, em museus de maus costumes, a arte do…desperdício, do roubo e da imoralidade…presarial pública…
segunda-feira, novembro 10, 2008
As Omissões - Resposta
sábado, novembro 08, 2008
As Omissões da História
sábado, outubro 25, 2008
Há Outras Angolas
domingo, setembro 21, 2008
O Respeito Por Uma Vitória
terça-feira, setembro 09, 2008
MPLA - Uma Vitória Respeitável
sexta-feira, setembro 05, 2008
Um dos Tabus da Nossa História
E porquê? Pela mesma razão que levou o regime fascista a castigar o administrador de posto, posteriormente promovido à condição de intendente e ainda de inspector, Custódio Ramos.
Ao Expresso e à comunicação social portuguesa de uma maneira geral não convém mexer neste passado. O que convém a todos é a ideia de que os portugueses "africanos"eram todos uns bandidos e uns exploradores de escravos e, por isso, as acções de terrorismo a que foram sujeitos não foram nada disso, constituiram o começo de uma guerra justa, embora iniciada contra uma população pacífica e desarmada.
Aos donos de hoje, que mandam nos saloios, convém manter essa versão dos acontecimentos para não correrem o risco de lhes cortarem o acesso aos negócios milionários e pouco claros da chamada "elite" angolana, a proceder à "acumulação primitiva" de capital.
Os "donos" de hoje conhecem a História de 1961; alguns deles provocaram o descontentamento em cima do qual se desenvolveu a ideia de massacrar os brancos - "o inimigo".
Os "donos" de hoje também já regressaram a Angola e estão a aproveitar da "acumulação primitiva" de meia dúzia de corruptos para reassumir, ainda que de forma mais discreta, mas mais rentável, a posição de outros tempos, dos tempos em que - eles sim - promoviam a escravatura na mais rica "provincia ultramarina"do império salazarento.
Estes dois relatórios podiam ser o ponto de partida para que os portugueses soubessem parte da verdadeira História dos portugueses de África e percebessem, de uma vez por todas, que os crimes do regime fascista não se ficaram pelas prisões arbitrárias, pelos assassínios políticos e pelo controlo absoluto da informação.
O regime colonial fascista português negou aos portugueses a possbilidade de viverem noutras paragens, em harmonia com toda a gente, promovendo o desenvolvimento e o bem estar para todos, no respeito dos direitos de todos.
Hoje ninguém quer saber disso. Já lá vão quase cincoenta anos e a verdadeira exploração só agora principiou.
É por isso que "Sobreviventes e Ignorados" é um texto seguramente incompleto e deixa aquele sabor " a pouco"...
segunda-feira, agosto 25, 2008
Chiwale, um Homem à Procura do Seu Lugar
quinta-feira, agosto 21, 2008
Uma Estória de Maconginos
sexta-feira, julho 25, 2008
Parabéns
Serve o presente para lhe dar os parabéns pelo blogue «Africandar».
Atentamente,
Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira
Herdade Sesmaria Velha R. Primavera n.º 28
Coutada Velha 2130 - 010 Benavente, Portugal
(+351) 263 580 379
apcab.cultura@gmail.com apcab@mail.org
http://apcab.net/
Aqui ficam os nossos agradecimentos pelo reconhecimento do valor do nosso Blogue.
Leston Bandeira
António Gonçalves
Fernando Alves
domingo, junho 15, 2008
Uma Verdade que Dói
Para onde iremos quando a África do Sul estiver destruída?
Houve uma altura na minha vida em que procurei desesperadamente uma empregada doméstica porque não conseguia dar resposta ao trabalho, ao bebé e às tarefas domésticas.
Dirigi-me ao quadro de anúncios de uma loja de conveniências da vizinhança e anotei alguns contactos. Telefonei a um certo número de mulheres e marquei encontros com seis.
Uma delas, sul-africana, não apareceu, mas mandou-me um kolmi. Quando lhe liguei, perguntou-me se podia ir buscá-la, porque não tinha dinheiro para o transporte.
Disse-lhe que outras cinco mulheres, que não eram sul-africanas, tinham conseguido chegar a minha casa à hora marcada. Uma delas até veio com uma criança às costas, na neneca.
Esse episódio, entre muitos outros, mostrou-me claramente que nós, sul-africanos, achamos que temos direito a tudo. Achamos que o mundo nos deve alguma coisa.
Isso é sobretudo verdade para os negros. Não me levem a mal, mas, directamente ou indirectamente, pensamos que o apartheid é uma coisa a que nos podemos agarrar para podermos ser vistos como vítimas, e que tudo nos devia ser facilitado.
E aqui estamos nós, 14 anos após o início da democracia na África do Sul, ainda agarrado a 1976.
Muitos de nós não conseguem aproveitar o acesso à educação nem a oportunidade para aprender mais e marcar a diferença. Por isso abusámos de pessoas que estão simplesmente a fazer os possíveis por ganhar a vida.
Os recentes ataques contra estrangeiros são a prova de que somos uma nação estúpida.
"Roubam-nos os empregos e violam-nos as mulheres", dizem os responsáveis por centenas de crianças inocentes estarem agora a viver em tendas com as famílias.
Como é que alguém pode tomar em mãos o seu destino quando os sul-africanos, no velho estilo dos bairros negros, se sentam todo o dia a apanhar sol, na má língua e a queixarem-se dos estrangeiros que lhes roubam os empregos?
Como é que uma pessoa que se esforça tanto por arranjar emprego e por exercê-lo bem merece ser espancada e até queimada?
Não percebo como fomos engendrados como sul-africanos. Sei que não temos todos a mesma mentalidade, e que há cidadãos instruídos que são completamente opostos a tais actos. Mas a rapidez com que esses ataques se espalharam é uma vergonha nacional.
Porque é que não participamos de forma tão rápida e colectiva em actividades de construção nacional? E porque estamos tão dispostos a participar quando se trata de coisas que não só destroem vidas humanas como também a economia e a credibilidade do país?
Dizemo-nos uma nação civilizada? Tenho vergonha de ser sul-africana.
Somos uma nação bárbara, e o nosso pior pesadelo.
Pergunto-me o que acontecerá quando finalmente atingirmos o objectivo de arruinar por completo o país - a economia, a credibilidade e os valores sociais - e precisarmos da ajuda dessas mesmas pessoas que andamos a matar.
Será que esperamos que esses países cuidem dos nossos filhos como fizeram no tempo do apartheid para regressarem à África do Sul como dirigentes instruídos, sábios e capazes?
Ou será que esses países também têm o direito de espancar os nossos filhos, de os queimar vivos e de os escorraçar como se fossem criminosos?
NOMFUNDO XULU
In The Times, 26/5/2008
quinta-feira, maio 22, 2008
Vergonha...Vergonha...
Há muitos dias que aqui não venho. Por uma única razão: não tenho bons motivos. África, a minha África, aquela que me viu crescer e onde eu aprendi a amar a Natureza e os Homens está a transformar-se num pantanal, num lodaçal pestilento, onde imperam a ganância, a ambição e o desprezo pelos semelhantes.
África, a Terra que me temperou o carácter, me moldou a coragem para vencer as dificuldades que me foram surgindo na vida, me tornou forte dando-me a conhecer as minhas fraquezas é, nos jornais, nas televisões e nas informações privilegiadas que me vão chegando,um mundo de podridão, onde nem já as imagens de extraordinária beleza da sua natureza privilegiada conseguem atenuar.É uma terra de Vergonha
A África que eu aprendi a amar, cujas histórias me encheram os sonhos de criança, fizeram despontar as utopias de adolescente, me alimentaram o entusiasmo da juventude e me pediram o sacrifício das minhas ambições pessoais, povoou-se de mostrengos e assombra-me as noites com pesadelos repletos de abutres que se multiplicam na mesma proporção das serpentes que se plantam no meu caminho - estreito para os meus chinelos de borracha e dedos de fora.
São as notícias de Lisboa - que falam de África - : a filha do Presidente JE dos Santos comprou no Alto da Barras três casas. Uma para ela, outra para família, outra para o corpo de segurança e a cave de uma delas foi transformada em cofre.
São as notícias que vêm de Luanda: a mesma senhora, filha do mesmo senhor dá uma festa de aniversário milionária, que envergonha as muito faladas festas dos capitalistas (colonialistas) portugueses do tempo da outra senhora, dadas em Cascais.
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A festa da senhora tem como enquadramento exterior uma multidão de pobres, miseráveis, a quem o pai da aniversariante e outros prometeram a abastança, a prosperidade, a felicidade, com casas, escolas e saúde para todos.
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Afinal, as casas e as escolas; a saúde, a prosperidade e a abastança não podem ser para todos, porque, meia dúzia tomaram tudo entre mãos - mesmo os que, noutros tempos, quando se falava na justa luta de libertação estavam do lado dos chamados "exploradores" e se colocaram agora no papel de super-exploradores.
E não apenas estes, mesmos os que eram, de facto, os exploradores, os que fomentavam o trabalho escravo, os que dominavam as fazendas do café e do algodão, os que se serviam do estado colonial e viviam à grande em Lisboa, mandando atirar granadas defensivas sobre trabalhadores descontentes, mesmos esses estão, mais uma vez, e agora de forma ainda mais descarada, a usurpar as escolas, a saúde a prosperidade e a felicidade dos não sei quantos milhões de esfomeados, que há trinta anos acreditaram que teriam uma vida melhor. Eles acreditaram e transmitiram essa esperança aos filhos, aos netos. Alguns já morreram, abençoando a hora do fim...
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...Mesmo esses estão, de novo, instalados, com bancos, com operações imobiliárias, explorando(de novo) o café, metidos nos diamantes, nos negócios dos generais. E, de novo, a assobiar para o lado. Que lhes interessa a miséria que campeia? Eles nem sequer a vêem..
De resto, têm a certeza de que a sua reputação jamais será manchada - tal como noutros tempos . O poder actual está a encarregar-se de montar um sistema de comunicação social insuperável; uma televisão e uma rádio nacionais, dois jornais e duas revistas semanais, um jornal diário e a assistência imprescindível dos donos da intriga em Portugal, os que sabem como se compram jornalistas. Assim, tanto o poder como eles têm "boa" imprensa lá e cá.
Mas, olhando o resto de África ficamos admirados por não ser de Angola que chegam as piores notícias. Elas vêm do Zimbabwé, onde a senilidade de Mugabe serve de campo fértil para os ambiciosos e gananciosos da ZANU, que, na perspectiva de perderem o velho e decrépito ditador, se aprestam a assegurar o futuro deles, esquecendo que transformaram uma dos países mais ricos de África num pântano de desgraças, palco de morte por doença e fome.
Os que fogem à fome e à doença do Zimbabwé e procuram a República da África do Sul, a tal que teve a solidariedade do Mundo inteiro para se ver livre de um regime político injusto porque se servia da cor da pele das pessoas como critério para as dividir, esses mesmos, quando chegam junto dos libertados da segregação, são recebidos com tochas, com balas, mortos e queimados ao som de risos alarves.
Mortos porque acusados de roubarem o trabalho aos que, noutros tempos, no tempo da segregação, sempre o tiveram , bem como saúde e educação.
O mesmo acontece aos moçambicanos que foram em busca de melhor situação no país vizinho, fugindo à ambição e à ganância de todos os guebuzas que por lá existem e noutros tempos implantavam campos de reeducação para os reaccionários. "Eram reaccionários, sim!" - dizia ARMANDO. "basta olhar para eles, são brancos".
Foi este mesmo que há uns meses lançou um grito alarve de contentamento: "Cahora Bassa é nossaaaaa...!!!!" Oxalá saiba cuidar dela.
São também as notícias que chegam do Quénia, com as tribos em pé de guerra, querendo exterminar-se uns aos outros e o horror de Darfour a que nada consegue pôr cobro.
Porque será que os americanos não se preocupam com esta gente do Darfour, que está a ser exterminada só porque tem outra cor e outra religião. Lembram-se do pretexto utilizado para invadir o Iraque e enforcar o Sadam Hussein? Porque havia armas de destruição massiva ( que nunca se encontraram) e porque o ditador atacou com gaz um grupo grande de curdos, seus adversários políticos - e hoje adversários dos americanos.
quinta-feira, abril 24, 2008
Zimbabwé, Uma Vergonha para África
O que está a acontecer no Zimbabwé com Robert Mugabe a fazer de ditador palhaço, prenunciando com a sua estratégia de manutenção do poder, mais um banho de sangue em África, é, em primeiro lugar, uma vergonha para os próprios zimbabweanos, já que não são capazes de lutar contra um tirano com a cor da sua própria pele.
Reunião em Harare, nos tempos em que ainda se creditava que era possível uma democracia
Para eles a tirania era a dos brancos.
Mugabe será sempre o "freedom figther" contra Ian Smith, mesmo qeu tenha destruído um dos mais próperos e lindos países da África Austral.
Em segundo lugar é uma enorme vergonha para toda a África, que, mais uma vez, não consegue, através da sua organização continental, a União Africana, resolver um problema que é sobretudo um ataque aos direitos fundamentais do Homem. Mas, essa vergonha é maior ainda para os países vizinhos do Zimbabwé, que se reuniram, para, no final, com o seu silêncio, confortarem as posições de Mugabe.
ESte silêncio tem, obviamente, uma explicação: todos eles se sentem iguais a Mugabe, quer pelo passado longíncuo e recente, mas também pelo presente e, alguns, até, pelo futuro próximo.