Tenho um amigo muito especial, o Rola da Silva, Henrique, que me retribui a amizade. É uma amizade de que me orgulho muito. O Rola é um intelectual honesto, estudioso, interessado, que não se importa de colocar aquilo que sabe à disposição de quem quer que seja. Tem uma vasta obra publicada e as suas crónicas em diversos jornais de Angola e também de Portugal fizeram dele um analista considerado. Com uma experiência muito importante em Macau publicou pelo menos três livros sobre a realidade daquele território sob a dominação portuguesa.
Foi um importante colaborador do jornal "África" e aí, não só a sua experiência no campo dos jornais e do jornalismo foi preciosa como a sua amizade valeu por milhares de colaborações.
O Rola, que actualmente vive em Benavente, numa casa onde, se entrar mais um livro terá ele de sair, faz parte da minha vida de várias formas. Uma delas tem a ver com os seus amigos da adolescência. Uma adolescência que já aconteceu há muitos anos.
Um grupo de homens, que, enquanto adolescentes frequentavam o mesmo café, na zona de Picoas e, a maior parte, era estudante do Liceu Camões, há mais de sessenta anos, encontra-se hoje, nas primeiras segundas feiras de cada vez, para almoçar juntos.
Hoje era o dia e eu tinmha prometido aparecer porque o Henrique resolveu já há uns tempos juntar-me ao seu grupo de de amigos.
Só que a vida não permitiu ( continuo a pensar que consigo resolver tudo e vou atrás de todos os problemas).
O almoço aconteceu, pela primeira vez, num restaurante nas Picoas e não na Praça do Chile, pela simples razão de que um dos membros do grupo, afectado por um "acv" já há uns tempos, era conduzido por um filho a todos os almoços e no Chile era difícil estacionar o automóvel que o deixaria para o almoço.
Era, carinhosamente, tratado pela "alcunha" que o tinha marcado nos tempos do Liceu, o "TimTim".
Chegava, com um olhar meigo, estendia a mão a todos, saboreava aqueles momentos de convívio com os amigos e, depois, lá ia, amparado pelo filho e por muitos de nós.
Hoje o Tim Tim não apareceu. Faleceu, entretanto. Docemente, enquanto dormia, explicou o filho, acompanhado de uma irmã, que fizeram questão de ir ao almoço com os amigos do pai.
E eu não estava lá para dizer aos filhos do "Tim Tim " o quanto apreciava a presença daquele pai, que embora doente, parecia sereno consigo mesmo e com a vida.
Tenho a certeza de que os amigos do Rola, entretanto feitos meus amigos, terão sabido transmitir aos filhos do "Tim Tim" a cereteza de uma amizade válida em todas as dimensões.
2 comentários:
Ouvi hoje na tsf os Sinais em que mencionou o mestre Henrique Rola da Silva, ao pesquisar dei com este post escrito com visivel emoção!
Espero encontrar textos dele para conhecer a sua obra.
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Escrevo no "site" de um amigo, www.minhasimagens.org, sobre livros e autores cujo tema seja Angola. O ultimo de que falo é um livro de Rola da Silva intitulado "H.L. - No Fim Colonial", desconhecendo, na altura em que escrevi, algo sobre este autor. Agora já sei e estou-vos grato. Abraços fraternais a todos.
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