quinta-feira, junho 08, 2006

DAR UMA VOLTA

A África vai-me ficando para trás, esbate-se na memória. As mukandas do Fernando são como mata-borrão: secam mas não apagam. Por estes dias não há notícia que aguente, o foot supera tudo. O Scolari é o dono da bola e Luís Figo o seu profeta. Timor deita braço de fora, mas Miguel ganhou o lugar. Os australianos chegaram depressa, mas não é por muito madrugar que amanhece mais cedo, devem ter pensado os da GNR, que não toleram excessos de velocidade.E o calor entorpece e o melhor que consegue é fazer sede. Estive para ligar para o Leston, de zangado que o senti, beber um copo alivia a sede e aquieta o espírito. Angola é como é, como a querem e como a moldam os que podem. Como Timor, minha gente, como Timor! Deu no que deu, no que podia dar. Na linha do que havia sido a descolonização em África! Em colaboração clara de cooperar com a política expansionista de Moscovo.O que um certo "25" lhe deu não tinha nem teve a ver com liberdade ou democracia. O que «aquele» revolucionário "25" lhe levou era o abrir a porta aos camaradas soviéticos. Como de resto tentaram também, mas debalde, fazer em Macau. Os chineses não estavam a dormir!Kissinger, por uma vez, não perdeu tempo e pôs o indonésios a travar a intromissão e a integrarTimor. Abandonamos, e deixamos indefeso, um povo que sempre nos respeitou.Quando a União Soviética se dissolveu, a Indonésia fez como o José-africano, que deixou cair o «popular» da República e se arrimou à tolerável democracia. Se os timorenses queriam ser livres, que o fossem, uma vez que os americanos já não se importavam.Pelo meio apareceu o petróleo, porque um «mal» nunca vem só. Mas dá para ter amigalhaços e como se sabe os australianos são para as ocasiões. Verdade se diga que a Austrália já era para os timorenses o que o Brasil foi para os portugueses: pátria de acolhimento.Tem-se visto como não falta por essa Europa fora gente portuguesa, por lá radicada, a receber a equipa lusitana. Não deixamos de ser como somos, por gosto ou necessidade. Mas não apreciamos muito que outros se instalem à nossa porta.Talvez seja por esta característica mesquinha que nos vamos esquecendo de defender a língua que soubemos criar. Fomos saindo de onde estivemos, sem deixar escola, que promovesse o português, a língua de um povo que teve méritos, que foi perdendo. É pena!Não só em Goa, mais recentemente, nem em Damão ou Diu. Quanto da imensa Índia não ouviu e entendeu o português!Imaginam que, uma vez, o Artur Ferreira fez uma pausa nas correrias dos pó-pós e entrou pela Indonésia e se entregou ao pasmo, fotografando magníficos monumentos e marcos de presença portuguesa, carinhosamente preservados. Não foi autorizado a expor as fotos: a Indonésia era suposta martirizar o povo timorense.Uns quatrocentos anos depois, Mário Soares foi a Castelo de Vide pedir perdão pelas maldades exercidas contras os judeus. Que diabo, ainda só passaram trinta anos sobre o abandono miserável de Timor...

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