Começou por ser um repto, mas pode transformar-se num desafio, num toque a reunir de uma enorme tribo destribalizada mas sobrevivente, num grito de quem reivindica o direito ao passado e, de raízes ao léu, consegue identificar, lá longe, o sítio aonde pertencem. "Essas raízes não mergulharão noutra terra" - dizia a feiticeira das margens do Cunene
domingo, janeiro 07, 2007
OS DANTES
Não confundir com Dantas, que já lá está!E se não estivesse viria a despropósito. Era uma espécie circunscrita e limitada no tempo.Hoje, no DN tropecei no defunto Gaspar Simões, crítico literário e lembrei-me, claro de Luís Pacheco, ainda nos tempos do Gelo e a propósito justamente de uma entrevista na qual o crítico era entrevistado. E o crítico Simões diria a certa a determinado passo: «...tenho tanto que escrever que nem tenho tempo de ler!» e o Pacheco quase entrou em paranoia, Gelo foram,Gelo dentro. Arranjou foto de um bigodado padeiro porta-a-porta, típico, de cesta às costas, inserindo a transcrição, atrás referida, e com uma legenda a sublinhar o atarefado crítico na tarefa de distribuir a prosa crítica. Com isso elaborou em forma de postal um libelo, que distribuiu Chiado acima, Chiado abaixo e a acabar no Gelo.Uns dias atrás dei por uma referência inusitada a Herberto Helder, a propósito de nada. Cheirou-me a rei-morto-rei posto: foi-se o Cesariny, toca a empurrar este, que escreveu "O Amor em Visita" e que não gosta que se fale dele, mas vem-se à memória uma noite suave em que se descia do Chiado para o Cais do Sodré e ao passar-se pelo Barão Quintela, e de nos termos ridoda nudez forte da verdade, o Herberto referir algumas facetas do escritor e das suas relações com Ramalho Ortigão, sobretudo depois da edição do «Primo Basílio», que gerou alguma controvérsia por mór da «nova sensação». Eça defendia, que sim senhor, aquilo resultava, mas Ramalho insistia em não acreditar nas habilidades de cepa francesa, como se dizia na época. Até que se dispôs a tirar o assunto a limpo. Em férias pela província, encontrou alguém e atreveu-se. Depois enviou um telegrama a Eça: «Lavei.Provei.E não gostei»... E Eça ripostou logo: «Lavaste.Estragaste»...Fomos colegas algum tempo depois, no Notícia, em Luanda. Já em Lisboa viria a escrever um libelo tremendo contra a guerra, em forma de crónica desportiva, que intitulou «Um passeio ao campo», sobre um Sporting-Benfica, em Alvalade, mas tão hábil que escapou aos censores...
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