Ontem o Óscar telefonou. Estava de passagem para a Guiné Bissau. "Era só para dar um aceno"(esta frase lembrou-me o Saraiva Coutinho, que estava sempre a acenar aos ouvintes). Fiquei contente com o telefonema do Óscar porque afinal não se esqueceu mesmo de nós.Mais: falava verdade quando me disse que tinha perdido os meus contactos.
O telefonema do Óscar fez-me lembrar aquele fabuloso ano lectivo de 1976/77 em que, apesar da guerra, todas as Escola angolanas abriram, incluindo todas as Faculdades da Universidade de Angola.
Foi nesse contexto que conheci o Óscar. Fiz discurso e tudo para, em Abril de 1976, abrir o ano lectivo na Faculdade de Letras do Lubango. Com notícia no "Jornal de Angola " e a desaprovação do então Ministro da Educação, António Jacinto. O MPLA não estava nada virado para a abertura de faculdades fora de Luanda. A pequena burguesia da capital queria tudo para eles.
O Óscar e outro(a)s luandenses subiram a Chela e foram frequentar os cursos da Faculdade de Letras.
Aos poucos foi-se transformando numa figura incontronável da Faculdade, fazendo amigos e amigas.Uma em particular, mas sempre sem demasiadas manifestações. Discretamente. E nós, os amigos dele e dela, da Bany, fomos vaticinando o casamento - o que enfurecia a futura noiva.
Ontem o Óscar telefonou e eu lembrei-me dos dois, casados há quase trinta anos, e de muitos outros, cujo paradeiro desconheço mas de quem gostaria de ter notícias.
É que montar aquela Faculdade, administrar aqueles cursos, gerir alguns conflitos graves entre professores mais ou menos baldas e imcompetentes e alunos militantes, mais da política do que do estudo, tudo isso deu muito trabalho, mas acho que compensou.
Pelo menos o Óscar ontem telefonou e prometeu que, no regresso da Guiné Bissau, se tiver tempo, dá uma saltada aqui a casa. Ficamos à espera, Óscar.
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