Fala-se cada vez mais em globalização, uma palavra que já entrou nos dicionários de todos os vendedores e serve de bengala a todos os negócios.
A palavra é, todavia, perigosa, porque pode ser encarada sob vários prismas. A globalização financeira está feita, ou quase. O capital cada vez menos tem pátria e os capitalistas já vendem as respectivas mães a prestações.
A globalização das tecnologias está, sob o ponto de vista dos consumidores ainda muito distante e a dos produtores não existe, não se fala dela e não faz parte dos planos de quem detém as respectivas capacidades.
A globalização das mercadorias, consideradas de uma forma geral, está a caminho, mas com um cada vez mais acentuado desiquilibrio para o lado de quem apenas tem matérias primas em favor dos que produzem manufacturas.
A globalização das pessoas está a fazer-se à força. O velho conflito Norte/Sul, a que muito boa gente chamou diálogo, acentua-se e o velho paradigma Europa, que se tem olhado a si mesmo de uma forma arrogante começa a ficar cercado, não apenas pelas globalizações financeira, tecnológica e de mercadorias, mas sobretudo pelo desejo de globalização das pessoas.
O Mundo começa a ficar virado do avesso - eu diria mesmo - perigoso, porque a chamada "falta de valores" está a dar lugar a um "excesso de valores" e, quer uma, quer outra forma, não resolvem as questões fundamentais do nosso tempo, que têm, sobretudo a ver com as asssutadoras diferenças que se têm vindo a acentuar entre os vários mundos.
Uma delas é, por exemplo, sobre a capacidade de produzir informação entre o Norte e o Sul. O abismo que se cavou é tão grande que até dói.
Num destes últimos dias recebi de um amigo um exemplar de um jornal que se publica em Angola e a seu propósito escrevi um post que era mais um grito do que outra coisa. Eu bem poderia ter explicado as razões dos termos usados , bem como os motivos da utilização dos nomes das pessoas que nele apareceram, mas acho que não vale a pena. Embora aquelas pessoas tenham responsabilidades na actual situação, elas não conseguem, tal como eu, ultrapassar a sua condição de vítimas.
Preferi fazer "delete"... mas que o jornal é mau, é, que só daqui a muito tempo vão conseguir fazer melhor, é verdade. Por isso me apetece gritar!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário