A definição de literatura de "expressão" oficial portuguesa ,que, do ponto de vista teórico, levanta discussões insolúveis, tem, afinal, a mesma saída que a classificação, mais aceite, de literatura de "língua oficial" portuguesa. E isto, porque os seus cultores não entram na discussão e aceitam as duas definições.
É gente com mérito - indiscutível - mas um mérito muito gradativo - dependente muito das latitudes de que se dizem provenientes.
Uma grande parte deles, se recusasse a definião de "escritor angolano", "escritor cabo-verdiano", "moçambicano", etc., não teria audiência nem dentro do espaço geográfico que os define. Percebe-se, por isso, uma espécie de barreira que eles próprios criam à sua volta e que os protege, sobretudo do tipo de vida que levam: são "escritores angolanos", ou "moçambicanos", ou de outra matriz qualquer, têm uma temática especial sobre a qual escrevem, mas vivem fora da geografia que a define.
Instalam-se em Lisboa, bons hotéis, boas casas, bons automóveis, boas vidas, ou na "Província": boas quintas,bons ambientes e recusam a integração num movimento global dos escritores em português.
Curiosamente, alguns deles fazem a investigação das coisas de África em Portugal, há anos que aqui vivem, cultivam as ligações políticas que lhes permitem a classificação apertada e, em consequência o nome nas antologias, nos motores de busca, mas há muito que estão desligados das realidades que dizem retratar.
Alguns deles optaram politicamente por determinada ideologia e ,depois, ganharam nome a contestar as práticas resultantes. Mas...sempre com jeito, porque a cobertura política facilita-lhes as viagens, as bolsas, a vida estranha que a maior parte deles tem em Lisboa ou noutro sítio qualquer de Portugal - o alvo preferencial das suas "crónicas de escárnio e maldizer", mas cujos governantes, sempre temerosos dos juízos dos ex-colonizados, lhes vão oferencendo bolsas e facilidades de todo o tipo.
É verdade que também há os que escrevem sobre as ex-colónias e se afirmam como portugueses, viajantes, ex-colonos, o que quer que seja, mas amantes dos povos que conheceram, dos seus costumes e das suas paisagens. Esses, são, normalmente, esquecidos e têm que lutar muito para verem as suas obras publicadas, mesmo aquelas cujos méritos são evidentes.São apenas portugueses.
1 comentário:
na mouche.
ate tenho uns nomes na ponta da lingua...
um abraco
Mario Tendinha
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