Estava eu posto em sossego, a folhear o pasquim dominiqueiro, pois, e eis que me entra porta dentro o meu neto, um dos não sei quantos já, entre os daqui e os de lá. Lembras-te,Leston, de uma vez, no «África», estando os dois entretidos a maquinar, me chegou a nova de que a minha filha tinha chegado e me batia à porta. E a casa estava vazia. E eu fui a correr, contigo, que me levaste. Era a Bárbara, de bébé ao colo. Jantámos lá pela Linha. Emprestaste-lhe o carro, para as voltas. Foi este neto que me chegou de novo, mais crescido e de namorada à tiracolo...Dois angolanos enamorados é natural. A menina estuda em Lisboa.- Não estás na Independente?... - perguntei, por deformação profissional. Não! A menina não está ali, Estuda no Liceu Francês, aqui, em Lisboa. O rapaz também estuda, pois então. A onde? Também não acertaria no onde se tivesse perguntado. Estuda, como eu bem sabia, no Cabo, na África do Sul, onde estudam e já estudaram outros netos. A parte chata com os netos é que deixam de ser meninos muito depressa. Nem me posso queixar disso porque ao longo dos anos fui tendo por perto os netos que vieram estudar. Os primeiros por instabilidade social e política e, depois, mais ou menos por desconcerto político e social, que a prosperidade petrolífera não dá para tudo, especialmente se for imprescindível.Os filhos, esses, estudaram por lá. A princípio nos tempos da impiedosa exploração colonial. Acabaram os seus cursos no novo Estado (não confundir com Estado Novo outro, que morreu de velho) sem sobressaltos. A evolução é que evoluiu ao contrário, mas isso já não são contas do meu rosário. Seria de certo pior se o ensino fosse mau por carência de meios, mas como é opção tudo bem, cada qual vai estudar onde lhe sair por sorte.
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