Não andei, ó meu, tanto como isso por França, não senhor: só o absolutamente indispensável. O que fiz, isso sim, foi imensos périplos por África, geralmente ao deitar. Claro que a minha África não é a mesma que cantam os meus negros colegas, gaita!, queria dizer distintos. Vou ter que escrever antes da refeições...
A África da memória é inesquecível, mas só para gastos de casa. Como é que se pode divagar sobre Porto Alexandre? Ou rememorar o bife obsceno que me serviam em Salazar, ainda no tempo do governo lisbonense do senhor Dalatando. E no entanto vi-os muitas vezes a jogar a bola. «Os Dinizes» e os do «Independente»! Vocês imaginam um clube do deserto a chamar-se «independente», naquele tempo? Os do «café» e os «peixeiros» mexiam bem na bola, divertiam-se com ela. Acho que nunca ganharam o campeonato. O «apito dourado» era uma porra. De cada vez que Pinto da Costa telefonava para o Valentim lá se lixava o «Independente», o que até enfurecia as areias do deserto! Se era o Filipe a pressionar outro que tinha que ser Pinto, visto que são uns trinta pintos a um osso e para lixar os do «café» qualquer deles servia. O que os lixou a todos foi haver magistratura, cheia de telefones disfarçados a ouvir as conversas. Claro que, como era África «aquilo» não deu em nada, não é como cá. Aqui a Justiça é célere não é o faz que anda mas não anda que se usa trópicos, Lá o árbitro leva o taco para casa e pronto, tá feito. Havia de ser cá...
Lá vi uma data de gente com carros bons, bonitos ou maus a andar depressa. Quando acertam em algém é uma chatice, o que é preciso é andar e depressa. Quase que multaram um ministro que ia devagarinho pela Marginal a espreitar o pôr do Sol, mas como era ministro não multaram porra nenhuma. Havia de ser cá...
Em Luanda quase que houve escândalo por causa das escutas. As conversas gravadas começaram a aparecer nos jornais, umas atrás das outras. Apurou-se que não havia nada de mal. É obrigatório mandar os registos secretos para qualquer lado. As televisões compram os melhores assuntos, do estilo: «quem anda a comer quem» e os da bola vão para os pasquins.
Podem não acreditar mas o senhor procurador- geral nem sequer comentou. Pasmei e botei
comentário: «só aqui, só aqui»!
Foi então que acordei meio estremunhado, não estava lá. Em Setembro, geralmente não saio daqui. O outro lado do Atlântico não me parece muito saudável e a África não progride. Aqui é tudo diferente e para melhor, tudo cresce, até a economia. Quem é que quer sair,hein!(a)
(a) - o último apague a luz...
1 comentário:
a Associação Portuguesa de Cultura Afro-Brasileira apresenta-se assim aos blogues interessantes, deixando link para as suas paragens.
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