De repente parece que se deu, ainda que com alguma estranheza, pela influência chinesa em África. Mais do que espanto causa preocupação. E, no entanto, é cada vez mais forte e vasta a acomodação amarela no seio da própria Europa. De facto, o parisiense Le Monde tem agitado com visível preocupação o crescimento físico e económico dos chineses em África, a ponto de já ter questionado: «A África será já chinesa dentro de um decénio?». O vespertino parece recear que sim, considerando o crescimento da teia chinesa quase como um fenómeno. Não é. Paris, de resto, pode ser apontado como um bom exemplo para os jornalistas da casa. Na capital francesa vêem-se chineses por todos os lados. A nosso lado, no «metro» ou nos autocarros. Lojas fast food
em todas as avenidas, ruas ou travessas; grandes superfícies comerciais adquiridas e já com redes de abstecimento próprias! Árabes e africanos perdem espaço, notam-se menos. Os chineses são tranquilos, quase silenciosos. Não carregam, nem parecem adquirir, questões religiosas ou políticas para criar choques ideológicos. Parecem pacíficos e persistentes em comprar casas e lojas, hoteis e supermercados.
Por cá, na Graça ou no Terreiro do Paço, não se dá por isso ou dá-se menos, mas eles também estão por cá. Discretos vão-se instalando, sem hostilizar Sócrates ou arcebispos de Braga. Se fosse necessário até aturavam qualquer Santana que aparecesse no Parque Mayer! Dão-nos a ideia de estar à espera que o preço das casas se humanize para comprar e comprar e comprar. Por ora dormem nas lojas que montaram e adquiriram. Na minha aldeia havia um restaurante chinês, como nas outras aldeias por aí fora. De vez em quando ouvia-se alguém sugerir:«Vamos almoçar ao china»? Um dia destes, para parecer evoluido pus a mesma questão: «Vamos ao china?», mas a resposta pronta já foi:«qual»?
Preocupado, como os colegas do Le Monde não estou. Não receio pela independência do meu país. Tenho, isso sim, é receado algumas vezes pela dependência. Não acredito em Bruxas, mas como os anos passam depressa, confesso que vou aprender a comer com pauzinhos...
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