sábado, setembro 16, 2006

OLHOS EM BICO

De repente parece que se deu, ainda que com alguma estranheza, pela influência chinesa em África. Mais do que espanto causa preocupação. E, no entanto, é cada vez mais forte e vasta a acomodação amarela no seio da própria Europa. De facto, o parisiense Le Monde tem agitado com visível preocupação o crescimento físico e económico dos chineses em África, a ponto de já ter questionado: «A África será já chinesa dentro de um decénio?». O vespertino parece recear que sim, considerando o crescimento da teia chinesa quase como um fenómeno. Não é. Paris, de resto, pode ser apontado como um bom exemplo para os jornalistas da casa. Na capital francesa vêem-se chineses por todos os lados. A nosso lado, no «metro» ou nos autocarros. Lojas fast food
em todas as avenidas, ruas ou travessas; grandes superfícies comerciais adquiridas e já com redes de abstecimento próprias! Árabes e africanos perdem espaço, notam-se menos. Os chineses são tranquilos, quase silenciosos. Não carregam, nem parecem adquirir, questões religiosas ou políticas para criar choques ideológicos. Parecem pacíficos e persistentes em comprar casas e lojas, hoteis e supermercados.
Por cá, na Graça ou no Terreiro do Paço, não se dá por isso ou dá-se menos, mas eles também estão por cá. Discretos vão-se instalando, sem hostilizar Sócrates ou arcebispos de Braga. Se fosse necessário até aturavam qualquer Santana que aparecesse no Parque Mayer! Dão-nos a ideia de estar à espera que o preço das casas se humanize para comprar e comprar e comprar. Por ora dormem nas lojas que montaram e adquiriram. Na minha aldeia havia um restaurante chinês, como nas outras aldeias por aí fora. De vez em quando ouvia-se alguém sugerir:«Vamos almoçar ao china»? Um dia destes, para parecer evoluido pus a mesma questão: «Vamos ao china?», mas a resposta pronta já foi:«qual»?
Preocupado, como os colegas do Le Monde não estou. Não receio pela independência do meu país. Tenho, isso sim, é receado algumas vezes pela dependência. Não acredito em Bruxas, mas como os anos passam depressa, confesso que vou aprender a comer com pauzinhos...

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