A Presidência Portuguesa da União Europeia está radiante com o sucesso da Cimeira Europa-África.O próprio presidente da Comissão da UE demonstrou a sua felicidade pelo êxito que a reunião alcançou. Dos africanos também vieram manifestações de regozijo que importa salientar, sobretudo da Unão Africana e do presidente da respectiva Comissão.
Será, de resto, muito difícil afirmar o contrário. A Cimeira foi, de facto, um sucesso: do ponto de vista mediático, espectacular, cumpriu a rigor. Os chefes africanos fizeram em Lisboa o que fazem nas sus terras: quando se deslocam incomodam toda a gente e não se importam com o mal estar que geram.
Os objectivos enunciados foram todos alcançados - acrescenta-se.
E que objectivos eram esses?
Falar de igual para igual, "olhos nos olhos", abordar a questão da má governação e dos direitos humanos, numa "cimeira sem tabus": criar uma estratégia conjunta para a solução de alguns dos principais problemas africanos, nomeadamente no campo da saúde e do desenvolvimento "amigo do ambiente", com a preocupação de travar as mudanças climáticas.
Fácil! Nada de concreto, tudo conversa.
A questão da má governação e dos direitos humanos foi atirada para cima de Mugabe e, em parte, para Kadhafi. Os outros passaram todos por cumpridores dos direitos humanos e bons governantes.
Todavia, se analisarmos as relações Europa-África sob outros pontos de vista, diferentes dos inerentes à imagem e às expectativas dos grupos que a organizaram, depressa constataremos que ainda estamos muito longe de um real entendimento entre africanos e europeus. Tudo irá permanecer na mesma.
A primeira razão é esta: não se trata de normalizar relações em pé de igualdade entre africanos e europeus, mas sim entre negros e brancos. Seja lá, seja cá. O que é necessário é deixar de considerar que os africanos são negros e os europeus, brancos.
Nos anos 60, o slogan era " África é dos negros". O movimento de Independência, que tinha começado logo a seguir ao final da II Guerra Mundial e cuja concretização se iniciou com a Independência da Guiné Conacry, com o célebre "NON" de Sékou Touré, aprofundou o slogan e, na prática, as guerras de libertação foram alimentadas com o ódio racista de negros contra brancos.
Com as independências conseguidas, na maior parte dos países africanos assitiu-se a uma verdadeira expulsão sistemática dos brancos de África. Há países que só recuperarão desta expulsão (que o prof. Agostinho da Silva comparava à expulsão dos Judeus de Portugal e da Espanha) daqui a muitas gerações.
Apesar disso, os teimosos (os brancos que continuam nesses países) não têm um tratamento de igualdade. Pelo contrário: na maior parte das vezes são mesmo descriminados.
O ódio racista ainda se manifesta em algumas declarações de certos chefes de estado, como por exemplo, Robert Mugabe, para quem os brancos são os culpados de tudo. Kadhafi - outro exemplo - afirma que o mal de África foi o colonialismo e que, portanto, agora, a Europa deve pagar para que África possa ter a mesma qualidade de vida dos europeus.
Na verdade, o quotidiano da maior parte dos países africanos é vivido tendo como pano de fundo esse ódio racista, de que vão aproveitando os dirigentes para, quando as coisas correm pior, o alimentarem ainda mais.
Ora, a verdade é que os colonos criaram e desenvolveram países cheios de potencialidades - que as independências destruiram. Muitos deles, mais de trinta anos depois ainda não conseguiram, nem sequer manter esquemas de ensino ou reparar as redes viárias, enquanto, por outro lado, as fortunas escandalosas se multiplicam. Os povos africanos já foram mais espoliados pelos seus governantes em cerca de meio século do que pelos brancos em quatro ou cinco séculos de colonização.
Em resultado do que aconteceu em África após as independências, a Europa começou a ser invadida pacificamente pelos africanos (isto é, pelos negros). Inclusivamente, inciou-se um movimento de emigração clandestino de cujos resultados catastróficos, um dia destes, os Europeus , isto é, os brancos, serão acusados.
E esse movimento continua, porque os negros preferem vir passar, muitas vezes, grandes sacrifícios em terras que - convenhamos - também lhes são hostis, do que viver situações de miséria irreversível entre a sua gente.
Será que esta Cimeira abriu o caminho para numa próxima reunião se possa considerar "África não é dos negros", assim como a Europa "não é dos brancos". Que cada um tem direito à terra onde nasceu e deseja viver?
Ou, pelo contrário, esta cimeira abriu mais portas para um entendimento entre os dirigentes africanos e os homens de negócios europeus, donde surgirá mais corrupção, mais miséria para os povos africanos e mais riqueza para quem os dirige, assim como para os brancos que funcionam como corruptores - é que a corrupção é sempre uma concertação de dois actores...
5 comentários:
A ideia da outra deputada dizer que todos os presidentes africanos deviam ser presos, menos o presidente Caboverdiano, este apenas escapa, porque o Tarrafal é em CaboVerde.
De facto, com C, e sem C, o FAZEDOR DE UTOPIAS, tambem era Caboverdiano.
Bem lixou muita gente que não merecia...!
O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo - Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.
O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES
Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.
Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.
Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .
Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.
A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).
Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.
Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.
Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.
Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.
Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo - Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.
Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.
Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.
Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.
Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).
Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .
Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.
Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.
A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.
CORPO VOLUNTÁRIO ANGOLANO DE ASSISTÊNCIA AOS REFUGIADOS
(C.V.A.A.R.)
B.P.856, LÉOPOLDVILLE
5 de Outubro de 1962
Dr. Hugo de Menezes
Bureau of African Affairs
P. O. BOX M24
ACCRA
GHANA
Caro compatriota,
Estamos a enviar-lhe cópia da resposta à carta em que nos pediam um endeeço em Ghana para onde mandar medicamentos para os refugiados angolanos. Esperamos que não seja muito difícil remeter depois o estoque para LÉO.
Pelo despacho nº 5781 de 2 de Outubro do primeiro Burgomestre de Léopoldville, o C.V.A.A.R tem já autorização oficial a partir de 10 de Setembro de 1962. Junto enviamos-lhe a credencial para actuar aí na medida do possível.
Continua a aumentar o número de refugiados e há uma falta enorme de medicamentos tanto nos dez postos actuais (LUALI, MOANDA- BANANA, BOMA, MATADI, SONGOLOLO, MOERBEKE, LUKALA, KINDOPOLO, KIMPANGU e MALELE) como no dispensário central. A segunda turma do curso de enfermagem começa no dia 8 deste com 42 alunos insoritos. Há quase mil crianças e adultos a frequentar já e inscritos nas campanhas de escolarização e alfabetização lançadas pelo C.V.A.A.R. Precisamos de dinheiro para transportar os medicamentos, etc., à fronteira, manter os enfermeiros e alunos, livros, etc.
Para qualquer coisa que precisar daqui, eis -nos ao seu dispor .
Cordialmente,
Deolinda Almeida
Mário de Andrade
14 Rue de Monastir Rabat, le 2 janvier 65
Rabat
Meu caro Hugo,
Embora tardiamente ,Sarah e eu próprio formulamos os melhores votos para 1965, à família Menezes … “ sita em Accra”.
Enviamos um telegrama (assinado pelo secretariado da CONCP) a saber exactamente quando pensavas fazer sair o primeiro número do jornal.
Evidentemente, preparei algumas notas sobre a nova literatura e a revolução nas colónias portuguesas. Alem disso, penso que seria extremamente importante que o jornal fizesse eco regular das publicações da CONCP. Informo - te, a este respeito, que , em principio, terá lugar (passe o galicismo em Rabat, no fim desta semana a primeira reunião do comité preparatório da 2ª conferência das organizações - membros. Claro que mandarei o comunicado final.
Como vão as démarches para o lançamento do jornal Faulha? Queres informar o DAMZ que “ Etincelle” chega-nos aqui via… marítima?
Gostaria de obter a referência do livro sobre as relações económicas com Portugal, de que me falaste. Poderei continuar a expedir outros livros de que necessites para os teus estudos.
Diz algo, brevemente. Abraços do
Mário (Mario Pinto de Andrade)
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