domingo, abril 19, 2009

Retornados O Adeus a África




António Trabulo acaba de lançar um novo livro: "Retornados O Adeus a África", uma estória romanceada a partir de vidas vividas em vários tempos e latitudes por gente surpreendida pelas circunstâncias da História que, como um furacão, as sacudiram e fizeram perceber novas dimensões da condição humana.


A acção do romance situa-se em Angola e em Portugal e é construída à volta de dois irmãos gémeos, que, quando nasceram se viraram de costas, o que pareceu à mãe um sinal de mau agoiro.


Era justificada a preocupação, já que ao longo da vida sempre se encontraram em campos opostos, sobretudo no da política, onde um, o Gil, imbuído de ideais nacionalistas haveria de aderir a grupos que não aceitavam a independência de Angola, pelo que teve que assitir aos desmandos da UNITA e da FNLA.

Gil, tal como o José, cuja adesão ao MPLA também não lhe traria a compensação de ver satisfeitos os seus ideiais de igualdade e fraterinade, acabaram por se incoporar na mole imensa de retornados, muitos dos quais viram Portugal pela primeira vez.

Os dois irmãos também disputaram a mesma beldade do Lubango, Lua, cuja estória preenche vári0s tempos e espaços de outros personagens deste romance.

Entre este mundo de gente que se encontrou nas mais diversas circunstâncias, há um branco loiro que não consegue deixar de pensar no seu gado, na sua fazenda e não tem uma vida normal entre a sua gente, despojada, em Angola, dos seus bens e em em Portugal, dos seus hábitos, costumes e rotinas.
Muíla, assim é conhecido o Sidónio, é verdadeiro anti-herói de mais este romance bem conseguido de António Trabulo, apesar de a sua narrativa ficar um pouco distante do sofrimento indizível dos que, de repente, se viram num outro Mundo, muitas vezes escorraçados, vilipendiados.

Em "Retornados, O Adeus a África" não se descobre que a chamada integração eficaz dos regressados se tenha ficado a dever às suas qualidades e não a qualquer golpe de asa das autoridades portuguesas, muito mais interessadas noutras coisas.






2 comentários:

Zé Kahango disse...

Um romance que se lê de um fôlego, numa narrativa simultaneamente poética. Em eficientes pinceladas, o Autor compôe quadros de estórias pessoais, que em conjunto nos fornecem uma visão tranquila, diríamos filosófica, dos dramas vividos, ainda hoje presentes.
Obrigado, Trabulo!

Zé Kahango disse...

Um romance que se lê de um fôlego, numa narrativa simultaneamente poética. Em eficientes pinceladas, o Autor compôe quadros de estórias pessoais, que em conjunto nos fornecem uma visão tranquila, diríamos filosófica, dos dramas vividos, ainda hoje presentes.
Obrigado, Trabulo!