Ontem fui assitir ao lançamento do livro "Os Colonos", do António Trabulo, e antes de me referir propriamente ao evento, quero falar da enorme alegria que senti ao reencontrar o meu velho amigo Samuel Matias. Descobri-o - já ele andava à minha procura - porque mantém os mesmos traços fisionómicos, a mesma alegria no olhar e uma enorme parecença com o pai, o velho Matias Lopes (José).
Sempre a caminho do Caculuvar, onde a família ainda mantinha as suas terras, o pai do Samuel era uma figura imponente. Assim está o agora "velho" Samuel, um dos descendentes dos primeiros colonos idos do Funchal e cuja saga serve de base a este romance de amor que António Trabulo nos dá agora para ler, assim como uma espécie de homenagem à terra onde viveu os primeiros tempos das grandes aprendizagens da vida.
Como legenda de os colonos uma frase lapidar: "Partiram de mãos vazias. Enraizaram-se a amaram a terra. Mudaram África e foram mudados por ela".
Para se perceber uma das eventuais intenções do livro, valerá a pena tomar atenção a uma interrogação colocada na apresentação do livro: "Ouvimos com frequência dizer, ao longo das últimas décadas, que a nossa descolonização foi mal feita. Mas poucos lembram que a colonização não correu melhor. O que aconteceu, afinal, aos colonos que partiram para terras de África? Sem traumas ou preconceitos, este romance acompanha a eopopeia dos madeirenses que fundaram o Lubango, no Sul de Angola.
"Os Colonos" é também um livro corajoso porque é a estória ficcionada de um grupo de gente boa e menos boa e até má, que, com todas as suas contradições, iniciou a construção de uma cidade de que toda a gente que nela viveu ou vive se orgulha.
A apresentação do livro foi feita pelo Fernando Dacosta, no seu estilo displicente, convidativo ao sono e pouco cuidado. E com erros. Por exemplo, pôs no Lubango uma casa do Norton de Matos que existe no Huambo. Além do mais, continua com ideias erradas sobre o que pode ser o futuro dos portugueses em África. No futuro, o neo-colonialismo obedecerá a esquemas de Estados, subordinados a programas das multinacionais. A colonização portuguesa foi feita ao sabor do espírito aventureiro de um povo que se sentia mal-tratado na sua própria terra. O Estado só apareceu para estragar...