Em 1958, o então jovem Sékou Touré, cidadão francês da chamada África Ocidental Francesa, depois de ter comparticipado no esforço de guerra para derrotar as hostes de Hitler disse "NÃO" à integração do que viria a chamar-se de Guiné Conackry no território francês.
Este foi o primeiro grito de revolta africana contra a dominação europeia. E podia ter tido o significado da expressão de uma aliança de África com uma certa Europa capaz de substituir valores retrógrados de superioridades rácicas e outros por conceitos de solidariedade, pelo respeito e pelo direito à diferença.
Este foi o primeiro grito de revolta africana contra a dominação europeia. E podia ter tido o significado da expressão de uma aliança de África com uma certa Europa capaz de substituir valores retrógrados de superioridades rácicas e outros por conceitos de solidariedade, pelo respeito e pelo direito à diferença.
Outras independência se seguiram à da Guiné Conackry. Lembro-me de ter passado em Dakar nas vésperas da declaração da independência do Senegal. A euforia e o medo misturavam-se no ambiente geral da cidade, cuja imagem mais forte que guardo é a do mercado.
Quando chegou a vez da Independência da jóia da coroa francesa - Argélia - o resultado foi uma guerra em que morreram milhões de pessoas.
O Reino Unido também foi cedendo alguns dos territórios que a Conferência de Berlim lhe tinha outorgado, mas deixou que os Botha e companhia instalassem o regime do apartheid na República da África do Sul, cujo problema não era a independência política, e que Ian Smith alimentasse o sonho de uma Rodésia independente conduzida pela minoria branca.
Com as colónias portugueses aconteceu o que se sabe: depois de guerras que constituiram sobretudo indústrias para uma meia dúzia de maduros e que tiveram como único objectivo manter artificialmente mercados para onde os portugueses mandavam toda a sorte de porcarias, impedindo, ao mesmo tempo, que em certas colónias ,se desenvolvessem sectores como a agricultura e a indústra, que lhes permitisse uma maior autonomia, o Estado português abandonou sem honra, glória e mesmo sem educação as suas colónias.
Portugal adoptou, como o resto da Europa, a atitude de esperar para ver. "Vamos ver o que eles fazem sem nós...".
E, entretanto, grupos económicos e de aventureiros foram imitando o que similiares de outras nacionailidades já faziam: aderiram ao método da corrupção, na continuação de uma exploração que continuava a beneficiar os antigos exploradores - não os colonos que estiveram no terreno e construiram verdadeiros países onde a vida seria progressivamente mais fácil para todos - mas os que, vivendo nas metrópoles, conheciam das colónias apenas os números das contas bancárias.
A estes grupos de exploradores, transformados agora em corruptores, juntaram-se os corruptos, que ascenderam ao poder nas antigas colónias, agora países independentes.
Esta combinação foi desastrosa para as populações em nome das quais se lutou pela independência e a quem se instilaram sentimentos racistas e xenófobos: os explorados de ontem são os super-explorados de hoje; os exploradores de ontem são os corruptores de hoje e os lutadores pela liberdade de ontem são os interlocutores de um sistema económico liberal onde tudo vale e tudo se esquece.
África é um amontoado de desgraças, de miséria, de onde se foge, mesmo tendo como quase certa a morte.
A Europa procura esconder o conhecimento do que por lá se passa e os homens de negócios continuam a encontrar-se em hotéis de luxo com os seus imitadores africanos com quem dividem grande parte das riquezas que saqueiam, sem, todavia compartilharem a miséria, a morte, a fome, a doença, o obscurantismo, que se instalam nos antigos impérios coloniais europeus.
A desgraça já é, porém, tão grande que começa a trasvasar e a chegar às costas dos mares europeus na forma mais absoluta da miséria e do desespero.
Já não é mais possível esconder a estupidez a cegueira dos dirigentes europeus dos últimos quase sessenta anos, que não perceberam a importância do Continente Africano na salvaguarda dos interesses de ambos os continentes - uma salvaguarda tanto mais posssível, quanto se salvassem as diferenças étnicas, culturais e políticas.
Quando chegou a vez da Independência da jóia da coroa francesa - Argélia - o resultado foi uma guerra em que morreram milhões de pessoas.
O Reino Unido também foi cedendo alguns dos territórios que a Conferência de Berlim lhe tinha outorgado, mas deixou que os Botha e companhia instalassem o regime do apartheid na República da África do Sul, cujo problema não era a independência política, e que Ian Smith alimentasse o sonho de uma Rodésia independente conduzida pela minoria branca.
Com as colónias portugueses aconteceu o que se sabe: depois de guerras que constituiram sobretudo indústrias para uma meia dúzia de maduros e que tiveram como único objectivo manter artificialmente mercados para onde os portugueses mandavam toda a sorte de porcarias, impedindo, ao mesmo tempo, que em certas colónias ,se desenvolvessem sectores como a agricultura e a indústra, que lhes permitisse uma maior autonomia, o Estado português abandonou sem honra, glória e mesmo sem educação as suas colónias.
Portugal adoptou, como o resto da Europa, a atitude de esperar para ver. "Vamos ver o que eles fazem sem nós...".
E, entretanto, grupos económicos e de aventureiros foram imitando o que similiares de outras nacionailidades já faziam: aderiram ao método da corrupção, na continuação de uma exploração que continuava a beneficiar os antigos exploradores - não os colonos que estiveram no terreno e construiram verdadeiros países onde a vida seria progressivamente mais fácil para todos - mas os que, vivendo nas metrópoles, conheciam das colónias apenas os números das contas bancárias.
A estes grupos de exploradores, transformados agora em corruptores, juntaram-se os corruptos, que ascenderam ao poder nas antigas colónias, agora países independentes.
Esta combinação foi desastrosa para as populações em nome das quais se lutou pela independência e a quem se instilaram sentimentos racistas e xenófobos: os explorados de ontem são os super-explorados de hoje; os exploradores de ontem são os corruptores de hoje e os lutadores pela liberdade de ontem são os interlocutores de um sistema económico liberal onde tudo vale e tudo se esquece.
África é um amontoado de desgraças, de miséria, de onde se foge, mesmo tendo como quase certa a morte.
A Europa procura esconder o conhecimento do que por lá se passa e os homens de negócios continuam a encontrar-se em hotéis de luxo com os seus imitadores africanos com quem dividem grande parte das riquezas que saqueiam, sem, todavia compartilharem a miséria, a morte, a fome, a doença, o obscurantismo, que se instalam nos antigos impérios coloniais europeus.
A desgraça já é, porém, tão grande que começa a trasvasar e a chegar às costas dos mares europeus na forma mais absoluta da miséria e do desespero.
Já não é mais possível esconder a estupidez a cegueira dos dirigentes europeus dos últimos quase sessenta anos, que não perceberam a importância do Continente Africano na salvaguarda dos interesses de ambos os continentes - uma salvaguarda tanto mais posssível, quanto se salvassem as diferenças étnicas, culturais e políticas.
Os europeus, todavia, agarraram-se à sua "superioridade" civilizacional, tentaram impôr regras de organização política e no rescaldo dos falhanços verificados aumentaram os níveis de exploração até ao impossível.
Para que constasse foram, em assembleias engravatadas e montadas para o efeito, lamentando a situação e fazendo apelos a ajudas que transformassem os povos africanos em povos assistidos, incapazes, ou pelo menos com sérias dificuldades em desenvolver os seus próprios recursos.
E o que acontece agora?
A Europa está cercada por todos os lados: pelos Estados Unidos com o seu desenvolvimento programado na guerra preventiva; pela China, um estado totalitário, ditatorial, a dominar a seu belo prazer o sistema económico liberal inventado com a conivência da Uniâo Europeia; pela Índia, uma superpotênca no domínio das novas tecnologias.
Para Leste ressurge o império russo e os seus aliados, que rapidamente se reorganizarão em termos económicos, aproveitando também as regras do liberalismo económico e esquecendo o tão propalado sistema social europeu, já moribundo em toda a União Europeia.
E aqui perto, África a desmoronar-se, com a sua gente em debandada, à procura, na Europa, de um sítio onde, pelo menos, possa viver tranquilamente, com uma refeição por dia e os filhos por perto.
Os barcos chegam. São cada vez mais pequenos - dizem as notícias - mas cada vez mais carregados de potenciais cadáveres.
As elites europeias, que exploram miseravelmente os seus povos e também os africanos e nada fizeram para perceber que melhor seria auxiliar um "desenvolvimento africano"vão ter que resolver o problema dos africanos na Europa.
Como dizia o prof. Agostinho da Silva, a "invasão" do Norte pelo Sul já começou há muitos anos. Mas agora é mais visível e mais dramática - acrescento eu
2 comentários:
A pura verdade.
Agora no caso concreto das ex .colonias portuguesas tem os Chineses ,Brasileiros e outros grupos a continar a escravisar e a roubar com a cumplicidade dos Governos dos respectivos paises, e não vai parar por agora .
Obrigado
henriques
SOSBRE A INVASÃO:duas pequenas histórias: em 1974 eu era Topógrafo em Angola (na JAEA), e quando da minha fuga daquela guerra que já não era minha, diz-me um ajudante na hora da despedida: patrão vamo-nos matar todos uns aos outros, (ponto final). Em 1987 eu era topografo na Guiné no novo porto de Bissau, e um ajudante meu escondeu-se com uns amigos num contentor de um barco espanhol e foi para a Cadiz, quase morrendo. Passados 3 ou 4 semamas aparece em Bissau recambiado pela Espanha, mas jurando que nem que morresse, havia de tentar outra vez a a vinda para Portugal que era a ideia final dele, (ponto final).Estas duas histórias e mais esse seu blog eo blog de todos os blogers que tenho lido estes 30 anos, agora que já estou quase nos setenta, chego à conclusão, que a história vai julgar a Europa e os grandes da Guerra fria, mas que no fim, por diabólico que pareça, vai haver uma leitura especial do esforço portugues dos 13 anos de guerra colonial, e que o nome de libertador era francamente de "terrorista", porque era terror aquilo que os meus ajudante sentiam (ponto final). Antonio Rosinha
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