segunda-feira, julho 17, 2006

Os Dez Anos da CPLP

Corria o ano de 1975, a Assembleia Geral da então OUA estava reunida em Kampala, capital do Uganda e, já, com a sala cheia, à espera do presidente em exercício, Idi Amin Dada, eis que este entra numa espécie de trono transportado por quatro homens brancos de grande estatura.

Idi Amin dizia, gargalhando e utilizando um vozeirão incrível: " este é o peso do homem branco".

Terá sido a última reunião da OUA sem agenda, sem objectivos, sem ordem, já que, a partir dessa altura, um novo grupo de países, os de Língua Oficial Portuguesa, passaram a controlar as agendas, os bastidores e , juntamente com outros estados mais organizados, tentaram dar um novo sentido áquela organização continental.

"Os Cinco", como ficaram conhecidos, com o decorrer dos anos, dignificaram em certas circunstâncias, a OUA e a sua coesão era tão forte que cedo foram tentanto institucionalizarem-se a si próprios como um grupo capaz de fazer pressão para que África deixasse de ser o pasto que era.

Criou-se o Grupo dos Cinco Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop) - o que, logo de seguida, levou a tentativas várias de interferência, nomeadamente de Portugal, com Mário Soares como primeiro-ministro e Jaime Gama como ministro dos negócios estrangeiros.

A célebre proposta do "Diálogo Continental", que Jaime Gama foi propor a Aristides Pereira, então Presidente da República de Cabo Verde.

A resposta não foi simpática a e as tentativas portuguesas pararam até que apareceu o Brasil na jogada, com José Aparecido a propor uma organização que agrupasse todos os países de Língua Oficial Portuguesa - uma coisa que se chama CPLP e está a fazer dez anos de existência. Ninguém consegue descobrir o que foi feito em seu nome, além de algumas festas de comemoração

A notícia de hoje, todavia, dizia que os tais dez anos seriam assinalados com a assinatura de uma série de acordos e protocolos. Na reunião final, em Bissau, não estariam presentes os Presidentes do Brasil, Lula da Silva, e de S. Tomé e Princípe, Frederique de Menezes.

Mas, enfim, já passaram dez anos. Os Cinco deixaram de existir, a OUA foi substituída por uma UA, cuja existência ninguém nota e estamos todos contentes. Pelo menos já não existe o Idi Amin Dada.

2 comentários:

Madalena disse...

Por acaso assinalei os dez anos lá na minha xafarica...
Abraço africano, isto é, lusófono....

Anónimo disse...

No texto refere que "um novo grupo de países, os de Língua Oficial Portuguesa, passaram a controlar as agendas, os bastidores e (...) tentaram dar um novo sentido áquela organização continental. «Os Cinco», como ficaram conhecidos, com o decorrer dos anos, dignificaram em certas circunstâncias, a OUA e a sua coesão era tão forte que cedo foram tentanto institucionalizarem-se a si próprios como um grupo capaz de fazer pressão para que África deixasse de ser o pasto que era". É evidente o poder político de Angola. O facto de ter sido um dos grandes palcos da guerra fria, assim ilustra. Mas seria possível que alguém desenvolvesse melhor esta ideia? Qual é a importância política deste chamado grupo dos cinco no continente africano? Até que ponto os seus interesses políticos são congruentes? Que interesse/vantagens tirarão dessa união?